Governo não crê em redução de patamar dos preços de biodiesel e reitera mistura menor

Reuters

Publicado 02.12.2021 21:43

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo avalia que não há expectativa de queda significativa do preço da soja no mercado internacional mesmo que haja uma supersafra mundial da commodity a ponto de alterar o "elevado patamar de preço do biodiesel", disse o Ministério de Minas e Energia nesta quinta-feira, ao justificar novamente sua decisão de reduzir a mistura do biocombustível prevista para 2022.

A soja, principal item do agronegócio brasileiro, é também matéria-prima de cerca de 75% do biocombustível.

Em nota, o Ministério de Minas e Energia respondeu as críticas recebidas do setor de biodiesel após ter anunciado no início da semana decisão de manter o teor de 10% de biodiesel no diesel para todo o ano de 2022, citando valores elevados do produto.

"A decisão visa proteger os interesses do consumidor quanto ao preço, qualidade e oferta dos produtos", disse a pasta nesta quinta-feira. "O biodiesel manteve preços médios, ao longo de 2021, equivalentes ao dobro do preço do diesel A (proveniente exclusivamente do petróleo)."

"Tal diferença de preços, quando aliada a altos percentuais de biodiesel na mistura, tem forte potencial de impacto na economia do país, dada a relevância do modal rodoviário, com reflexos diretos no aumento da inflação, principalmente neste momento de retomada pós-pandemia do Covid-19."

Além disso, o ministério disse que a redução do preço do diesel permitiria queda dos preços de fretes e, assim, de todos os produtos que são transportados no modal rodoviário.

Em nota conjunta, integrantes do setor de biodiesel chegaram a afirmar que a medida "destrói programa nacional de biodiesel... e dá um sinal contrário aos compromissos estabelecidos na COP26".

Sobre esse tema, o ministério afirmou que não há qualquer contradição entre os compromissos assumidos pelo Brasil na COP26 e a manutenção do B10.

"Na estratégia nacional de neutralidade climática, apresentada na COP26, o Brasil se comprometeu a utilizar renováveis no ciclo diesel, incluindo biodiesel, diesel verde e parcela renovável do diesel de coprocessamento, em bases econômicas", afirmou.

"Importa ressaltar que o Brasil é um dos países com a matriz energética mais limpa do mundo, sendo 48% renovável, equivalente a mais de três vezes a média mundial; e que o conceito de sustentabilidade engloba aspectos econômicos, sociais e ambientais, inexistindo meta para atingimento do B15 na estratégia nacional de neutralidade climática."