Greves em montadoras dos EUA destacam aumento vertiginoso da remuneração de CEOs

Reuters

Publicado 20.09.2023 10:05

Por Heather Timmons e David Gaffen

WASHINGTON (Reuters) - Quando o presidente-executivo da empresa recebe um aumento de 40% em seu salário, o que os trabalhadores merecem?

Essa pergunta está no centro das greves do sindicato United Auto Workers (UAW) nas fábricas de montagem de propriedade da Ford (NYSE:F), General Motors (NYSE:GM) e Stellantis (NYSE:STLA) nos Estados Unidos.

O presidente do UAW, Shawn Fain, pediu inicialmente um aumento de 40% nos salários dos trabalhadores nos próximos quatro anos -- um número baseado em uma alta de aproximadamente 40% no salário dos presidente-executivos das montadoras nos últimos quatro anos, em um momento de lucros estáveis para duas das três empresas.

Mas empresas automobilísticas norte-americanas não são as únicas a distribuir pagamentos maciços aos presidentes-executivos.

A remuneração e os benefícios dos CEOs têm disparado nas últimas décadas, mas a remuneração dos trabalhadores não tem acompanhado esse ritmo.

A proporção entre a remuneração do presidente-executivo e a do trabalhador médio de produção sem supervisão nas maiores empresas dos EUA saltou de menos de 40 para 1 nas últimas quatro décadas para quase 400 para 1, calculou o Economic Policy Institute em 2022.

Em contrapartida, alguns trabalhadores das três grandes montadoras que protestavam na estrada entre Ohio e Michigan nesta semana disseram que precisavam ter dois empregos para sobreviver.

Reestruturar a economia norte-americana para tornar a situação mais "justa" para os trabalhadores e eleitores tem sido uma meta há muito tempo declarada no plano econômico do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O capitalismo deve funcionar "para o bem do povo norte-americano", disse ele, mas décadas de cortes de impostos para empresas e ricos têm minado o sistema.