Leilão de energia de reserva contrata 1,2 GW, com domínio de térmicas a gás

Reuters

Publicado 25.10.2021 14:16

Atualizado 25.10.2021 20:45

SÃO PAULO (Reuters) - Termelétricas a gás natural dominaram o leilão de energia desta segunda-feira que contratou ao todo 1.221 MW de reserva de capacidade, com suprimento entre maio de 2022 a dezembro de 2025, para contribuir com a confiabilidade do sistema elétrico e a preservação dos reservatórios em meio à crise hídrica.

Dezessete empreendimentos estiveram entre os ganhadores, sendo 14 térmicas a gás, uma a cavaco de madeira e duas usinas solares fotovoltaicas, informou o Ministério de Minas e Energia em nota.

O resultado gerou críticas da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), que afirmou em nota que o leilão privilegiou fontes fósseis mais caras e que a conta de luz deve aumentar ainda mais no país.

No caso das termelétricas a gás natural, o Custo Variável Unitário (CVU) médio declarado é de 685 reais/MWh, patamar inferior ao das usinas que estão atualmente sendo chamadas a operar devido à maior crise hídrica em mais de 90 anos, segundo o ministério.

"Os recursos de geração contratados contribuirão para o robustecimento do sistema e o replecionamento dos reservatórios das hidrelétricas, com preços menores do que os atualmente praticados considerando os recursos adicionais acionados", disse o ministério.

Conforme projetos cadastrados, as usinas vencedoras serão instaladas nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia.

O preço médio de venda no leilão foi de 343,22 reais/MWh para o produto quantidade e de 1.599,57 reais/MWh para o produto disponibilidade, segundo o ministério.

A Absolar destacou em nota que a fonte solar, "reconhecidamente mais competitiva no Brasil e no mundo, teve resultado irrisório no certame e, assim, os brasileiros vão pagar mais caro para 'sujar' a matriz elétrica".

Para a associação, uma das razões para o baixo nível de contratação nos leilões deste ano, sobretudo de energia mais competitiva, é a "sobrecontratação" das distribuidoras, que possuem contratos antigos de fornecimento de eletricidade de usinas que hoje não possuem condições estruturais de entregar os megawatts acordados, a chamada garantia física.

"Por isso, é necessária uma revisão da garantia física, para que os leilões possam ter contratações alinhadas com as necessidades de geração de energia do país", disse o presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia.

A fonte solar fotovoltaica, ressaltou a associação, foi cadastrada com apenas 78 projetos, totalizando 1,86 GW de potência.

"A contratação das usinas a gás natural representou 97,1% do leilão, enquanto a biomassa ficou com 2,6% e a solar fotovoltaica com apenas 0,3%", ressaltou.

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