Líderes do G20 têm dificuldade em endurecer meta climática, mostra esboço de comunicado

Reuters

Publicado 30.10.2021 16:00

Por Jan Strupczewski e Gavin Jones

ROMA (Reuters) - Líderes do grupo das 20 maiores economias do mundo dirão que buscam limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius, nível que os cientistas dizem ser vital para evitar desastres, mas de maneira geral evitarão compromissos rígidos, segundo o esboço de um comunicado visto pela Reuters.

O comunicado conjunto sobre a necessidade de ações climáticas reflete negociações duras entre diplomatas. Os líderes estão reunidos para uma cúpula de dois dias em Roma, mas o esboço detalha poucas ações concretas para limitar as emissões de gases do efeito estufa.

"Continuamos comprometidos com o objetivo do Acordo de Paris (de 2015) de manter o aumento da temperatura média global muito abaixo de 2ºC e de buscar medidas para limitá-lo a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais", diz o esboço.

O comunicado também afirma que os líderes reconheceram a "relevância vital" de atingir saldo zero de emissões até a metade do século.

Esse é um objetivo que especialistas da ONU dizem ser necessário para alcançar o limite de 1,5 graus Celsius de aquecimento, mas alguns dos maiores poluidores do mundo ainda não se comprometeram com ele.

A China, maior emissora de gases do efeito estufa do mundo, determinou prazo até 2060.

No geral, o quinto esboço do comunicado o não parece ter nenhum endurecimento de linguagem em relação a ações climáticas, comparado com as versões anteriores e, em algumas áreas, o texto foi até um pouco amenizado.

h2 GRANDES EMISSORES/h2

O papel do G20 é crucial antes da cúpula climática mais ampla da ONU, conhecida como COP26, que será realizada em Glasgow, Escócia, na próxima semana, envolvendo quase 200 países.

O bloco do G20, que inclui Brasil, China, Índia, Alemanha e Estados Unidos, representa mais de 80% do Produto Interno Bruno (PIB) do mundo, 60% da população e estimadas 80% das emissões de gases do efeito estufa.

"Manter 1,5ºC ao alcance exigirá ações significativas e efetivas de todos os países", diz o esboço mais recente.

Isso se compara com uma versão anterior que dizia que "ações imediatas" eram necessárias, refletindo as discussões dolorosas em torno de linguagem que existem na diplomacia climática.

A referência na versão mais recente à importância de atingir saldo zero de emissões "até meados do século" substitui a versão anterior que era mais específica ao dizer "até 2050". Essa estava entre parênteses, indicando que exigia negociação.