Petróleo e Ouro aliviam os preços enquanto investidor aguarda por decisão do Fed

Investing.com

Publicado 13.03.2022 06:50

Atualizado 13.03.2022 14:03

Por Barani Krishnan

Investing.com -- O mundo das "Loucas Commodities" deu uma pequena pausa esta semana, com nenhum dos dois maiores ativos macro neste universo - ou seja, petróleo e ouro - assumindo uma trajetória parabólica. 

Com isto dito, o níquel redefiniu o mercado lunático com um inacreditável ganho ao longo da semana de 96%, antes de fechar em alta de 66%, encorpando os ganhos de 19% da semana passada. O metal usado em aço inoxidável e na fabricação de baterias registra alta de 200%, ou US$ 32.000 por tonelada, em relação a um ano atrás.

Algumas commodities, incluindo o trigo o e o gasóleo, negociado em Londres, devolveram parte dos ganhos recentes após os negociadores terem percebido que havia limites para o quanto os valuations, e as carteiras dos consumidores, poderiam esticar com a brutal distorção dos fundamentos resultante da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Com Vladimir Putin entrando na sua terceira semana para provar que o Ocidente errou - e com Joe Biden e seus aliados igualmente determinados a sufocar a Rússia financeiramente antes disso - não parece haver um fim rápido à vista para a volatilidade à frente nos preços de energia e alimentos, à medida que os especuladores testam a paciência dos consumidores até os últimos limites.

A próxima semana não será mais fácil. Após meses de especulação sobre um possível início em março, o Federal Reserve está 99,99% decidido a realizar a primeira elevação das taxas de juros da era da pandemia quando seu Comitê Federal de Mercado Aberto se reunir esta semana. 

O que continua incerto é se o presidente do Fed, Jerome Powell, irá se ater à sua abordagem "ágil" de 25 pontos base, ou será forçado a fazer mais (essencialmente, 50 pb) por falcões como o chefe do Fed de St. Louis, James Bullard, e Christopher Waller, um dos sete governadores do banco central. Na verdade, a Ferramenta de Monitoração da Taxa do Fed publicada pelo Investing.com mostra uma probabilidade de 94,9% para um aumento entre 25 e 50 pb na próxima semana.

A Bloomberg empregou uma interessante analogia sobre a aterrissagem de um avião no seu comentário esta semana para explicar a tentativa de aterrissagem econômica de Powell.

Assim como no filme "O Herói do Rio Hudson", onde o Capitão Chesley “Sully” Sullenberger pilotou com segurança o seu avião danificado da U.S. Airways para um pouso de emergência nas águas frígidas do rio Hudson, em Manhattan, em 2009, salvando todos os 155 passageiros a bordo, Powell está tentando sua própria aterrissagem milagrosa para os 330 milhões de habitantes dos EUA.

A diferença para o presidente do Fed é que este deve ser um pouso mais complicado. Seu teste será travar a inflação, atualmente no nível mais alto em 40 anos, aumentando as taxas de juros apenas o suficiente para esfriar a demanda - e não para a matar a economia ou jogá-la numa recessão. 

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Não é que o Fed nunca tenha feito isso antes. Há 25 anos, Alan Greenspan - sem dúvida o maior ícone da história do banco central - conseguiu um pouso suave assim em 1994-95, com uma combinação de elevações duras e moderadas dos juros para esmagar as pressões inflacionárias, embora o mercado de títulos tenha despencado e Wall Street naufragou.

O problema de Powell, no entanto, como destaca a Bloomberg, é que a proeza se tornou consideravelmente mais difícil agora, com a invasão russa da Ucrânia tendo provocado turbulência nos mercados financeiros e energéticos globais que será difícil de suprimir, independentemente das ferramentas na caixa do Fed - cujos poderes notáveis o presidente nunca deixa de nos lembrar a cada coletiva de imprensa mensal.

"Vai ser muito complicado", afirmou Mark Zandi, economista-chefe da Moody Analytics, que aponta para o aumento das contas de energia - junto com a queda nos mercados de ações e de crédito - que podem minar a demanda por parte dos consumidores, aumentando a probabilidade de recessão. 

"O avião econômico está se aproximando da pista a uma velocidade muito alta, fustigado por severos ventos cruzados provenientes da pandemia, com muio nevoeiro criado pela incerteza em função dos acontecimentos geopolíticos", afirmou Zandi.

"Um aumento de juros de 25 pontos base na reunião de março seria uma não-decisão em vez de uma decisão... e não vai puxar o freio de mão na dinâmica da inflação, que deverá ser mais alimentada [pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia]," disse Johan Grahn, chefe de Estratégia de ETF da Allianz, ao Investing.com.

Conquistando a princípio elogios pela ação rápida de estímulo econômico do Fed que ajudou a impedir que a recessão da Covid‑19 se transformasse numa depressão, Powell agora é o garoto-propaganda para tudo o que deu errado em relação à inflação - especialmente após admitir que o banco central tinha lido o problema de forma completamente equivocada, como sendo transitório.   

Além de um máximo de sete aumentos das taxas de juros este ano - igual ao número de reuniões do Fed - há uma redução ainda por ser definida na folha de balanço do Fed, que hoje se encontra a US$ 8,9 trilhões após as fortes compras do banco central de títulos do Tesouro e títulos hipotecários a fim de oferecer suporte à economia desde o início do surto de Covid, em março de 2020. 

Essa ação reduzirá o montante de dinheiro no sistema financeiro - mas também trará consequências incertas para os mercados de títulos e de ações. O perigo é que se a inflação não começar a diminuir em resposta a estas iniciativas preliminares, os dirigentes acabarão por elevar demais as taxas, jogando a economia numa recessão e os mercados financeiros em queda livre.

"Quando se está errado numa direção e se está muito errado, você acaba precisando realizar um trabalho muito mais pesado para seguir na outra direção", afirmou à Bloomberg o ex-governador do Fed, Lawrence Lindsey, ao fixar a probabilidade de uma recessão até o final de 2023 acima de 50%.

Para recapitular: a expectativa é que um aumento de 0,25 p.p. cause pouca ou nenhuma turbulência nos mercados na semana que vem, e talvez encoraje os investidores que se arriscam em ações a se voltar para títulos, câmbio e commodities. 

Uma elevação de meio ponto percentual terá algumas consequências sérias, sendo que o ouro, e talvez até mesmo o petróleo, caiam em meio a um novo colapso em Wall Street. A inflação também poderia fazer uma breve pausa - mas, certamente, o Fed precisará fazer mais se não quiser que as pressões de preços subjugadas voltem estrondosas mais tarde.

Como Michael Tran, analista de commodities da RBC, disse ao Australian Financial Review, o que parecia ridículo apenas um mês atrás parece agora possível.

"Não é inimaginável que os preços disparem para US$ 200 por barril até o verão [do hemisfério norte], estimulem uma recessão e acabem o ano mais perto dos US$ 50", afirmou, referindo-se a receios crescentes de destruição da demanda por petróleo se os preços da commodity continuarem a subir.

"Para ser claro, este não é o nosso cenário base, mas ele já não parece implausível hoje", disse Tran. "Há duas semanas, essa ideia teria sido ridícula. Brent negociou numa faixa de US$ 20 nas últimas 24 horas. Nada mais parece loucura agora".

h2 Petróleo: Preços de fechamento e perspectivas técnicas/h2

O Brent, referência global de preços, fechou o pregão de sexta-feira com alta de US$ 3,09, ou 2,8%, a US$ 112,42 por barril. Na semana, o Brent caiu 4,6%.

O petróleo WTI, negociado em Nova York e referência de preços nos EUA, fechou em alta de US$ 3,18 dólares, ou 3%, a US$ 109.20 por barril na sexta-feira. Na semana, ele teve uma queda de 5,8%. 

"A última semana foi chance de glória e de encontro ao destino para o WTI, quando os preços testaram US$ 130, e vimos um mergulho para US$ 103 antes do fechamento semanal de US$ 109", disse Sunil Kumar Dixit, estrategista técnico-chefe no site skcharting.com.

Dixit disse que, à primeira vista, o fechamento semanal do WTI poderia ser considerado "extremamente bearish" se não fosse pelo fato de os preços fecharem a semana no retraçamento de Fibonacci de 23,6%. 

"Manter-se acima deste nível pode empurrar o petróleo para cima, para o patamar de Fibonacci de 38,2%, de US$ 113, e seu nível de 50%, a US$ 116", afirmou.

Um upside maior para o WTI dependerá em grande parte da reação do mercado a este nível de Fibonacci de 50%, de US$ 116, já que a permanência acima disso pode estender a recuperação para o patamar de 61,8%, ou US$ 120, e 78,6%, ou US$ 124.

"A rejeição aos níveis de resistência das áreas de 50% a 61,8%, entre US$ 116 e US$ 120, pode forçar a queda do WTI novamente para os US$ 103", advertiu Dixit. "O rompimento e a permanência abaixo destes níveis pode expor o petróleo às zonas de US$ 95 e US$ 86, que podem ser o valor justo sem os prêmios de risco".

h2 Ouro: Preços de fechamento e perspectivas técnicas/h2

O contrato mais ativo do futuro do ouro na Comex de Nova York, para abril, fechou em queda de US$ 8,15, ou 0,4%, aos US$ 1.992,25 por onça. Na semana, ele teve aumento de 0,9%.

O ouro spot caiu US$ 8,47, ou 0,4%, fechando o pregão de sexta-feira aos US$ 1.988,55. Na semana, o ouro spot subiu 0,9%.

Dixit destacou que a grande oscilação no ouro spot, que tento avançar acima da máxima de US$ 2.074, foi esvaziada aos US$ 2.070, derrubando o ouro para US$ 1.958 na sexta-feira, embora o preço spot do metal tenha conseguido fechar a semana a US$ 1988, cerca de US$ 30 acima da mínima do dia.

"A escalada do ouro de US$ 1.977 até US$ 2.070, um aumento de US$ 93, seguido por sua queda para US$ 1.958, que marcou um recuo de US$ 112, indica uma grande volatilidade na semana", afirmou Dixit. "Isto ocorre apesar da ausência de grandes variações percentuais na semana ou de preços recordes de máxima".

Para a próxima semana, as negociações deverão monitorar o desempenho dos preços entre a faixa de US$ 1.974 e US$ 1.958, afirmou Dixit.

"O menor intervalo a se observar é o de US$ 1.958 a US$ 2010", afirmou. "Os preços devem romper e se sustentar acima dos US$ 2.010 para um novo teste dos níveis de US$ 2.020 e US$ 2.032, que podem ser novamente alvejados pelos vendedores em busca de níveis mais baixos".

Por outro lado, ele disse, uma queda para abaixo dos US$ 1.985 - US$ 1.980 irá indicar uma tendência de venda para um novo teste de US$ 1.958. 

"Case rompa e se mantenha abaixo deste nível, a correção pode se estender para US$ 1.934 e US$ 1.900. Será interessante observar as primeiras horas após a abertura do pregão de segunda-feira na Ásia, já que os mercados provavelmente vão abrir com gaps".

Isenção de responsabilidade: Barani Krishnan não possui posição nas commodities e valores mobiliários sobre as quais escreve.

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