Rio autua postos de combustível que não repassaram ICMS menor

Reuters

Publicado 04.07.2022 20:48

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Quase metade dos postos fiscalizados pelo governo do Rio de Janeiro ainda não repassou a redução do ICMS incidente sobre os combustíveis e foi autuada pelos órgãos de fiscalização do Estado, disse nesta segunda-feira o governador, Cláudio Castro.

As verificações sobre a aplicação do tributo, reduzido desde a última sexta-feira para 18% na gasolina e etanol, começaram pela manhã em todo o Estado e contaram com a participação de secretarias, órgãos da área da segurança e da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Até o início da noite, aproximadamente 100 postos foram fiscalizados e 45 foram autuados por não reduzirem o preço por litro da gasolina e do etanol, e por outras irregularidades, de acordo com o governo fluminense.

Os estabelecimentos autuados têm 15 dias para recorrer.

Alguns postos, segundo o governador, começaram a reduzir os preços logo após as multas, que podem variar de 818 reais a cerca de 12 milhões de reais. As multas aplicadas somam, até o momento, 500 mil reais.

"Foram autuações por preços sem redução, redução parcial de preço e troca de preço com a chegada dos fiscais", disse ele a jornalistas.

Castro negou que a punição aos postos seja uma infração à liberdade de preços e disse que a medida foi bem estudada antes de ser aplicada. Não ficou clara qual foi a base legal utilizada pelo Estado para a aplicação de multas aos postos.

"Não reduzir (o preço após a queda do imposto) é vantagem indevida", acrescentou.

"A decisão tem princípios jurídicos… nós consideramos, sim, forma de apropriação indébita se não baixar. A tese pode ser debatida até no Judiciário, mas estamos bem amparados e nada foi feito de orelhada."

A estimativa do Estado é que, com a redução do ICMS sobre a gasolina (34%) e o etanol (32%) para 18%, os preços possam ter quedas respectivas de 1,19 reais e 0,79 real nas bombas.

O governador do Rio de Janeiro ainda ameaçou aumentar impostos estaduais ou criar um novo tributo para a Petrobras (BVMF:PETR4) caso a estatal federal aumente novamente os preços dos combustíveis.

Castro citou a possibilidade de "mexer na parte estadual do repetro" se houver novos reajustes, em referência ao regime aduaneiro especial de exportação e importação de bens que se destina às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural.