Tribunal francês proíbe venda de dois herbicidas contendo glifosato

Reuters

Publicado 12.05.2023 14:36

Atualizado 12.05.2023 15:46

PARIS (Reuters) - Um tribunal francês proibiu a venda de dois herbicidas contendo glifosato produzidos pelo grupo químico suíço Syngenta devido à falta de análises sobre o potencial dano do produto à fauna.

"A decisão de 30 de setembro de 2020 da agência francesa de segurança sanitária Anses de renovar a autorização de comercialização do produto químico Touchdown Systeme 4 foi anulada", mostrou uma decisão do tribunal administrativo de Montpellier, no sul da França, na sexta-feira.

"O princípio da precaução não foi respeitado" devido à falta de um procedimento de avaliação completo, afirmou.

Uma decisão separada, mas semelhante, foi tomada para o herbicida Touchdown Foret da Syngenta.

A Syngenta, em resposta por e-mail à Reuters, chamou a decisão de "decepcionante" e disse que os produtos passaram por "um rigoroso processo de aprovação que demonstrou uso seguro".

A empresa se reservou o direito de apelar, afirmou.

Os herbicidas envolvidos pela decisão de sexta-feira permaneceram autorizados dependendo dos termos de um procedimento de retirada, como um prazo para o uso dos produtos, acrescentou a Syngenta.

O glifosato, desenvolvido pela primeira vez pela unidade Monsanto da Bayer (ETR:BAYGN) sob a marca Roundup, tem sido foco de controvérsia desde que uma agência da Organização Mundial da Saúde indicou em 2015 que poderia ser causa câncer.

Em 2017, o presidente Emmanuel Macron prometeu acabar com o uso de glifosato na França dentro de três anos, mas seu governo disse mais tarde que levaria em consideração a existência de outras soluções. A aprovação do glifosato pela União Europeia foi prorrogada por mais um ano em dezembro.

A decisão do tribunal de Montpellier sobre os produtos da Syngenta seguiu um pedido da associação ambiental Generation Futures, que disse que a agência francesa não levou em consideração o princípio de precaução e não obteve uma avaliação de risco em animais vertebrados e invertebrados não visados.

A Anses disse em uma resposta por e-mail que tomou nota da decisão, sem fazer mais comentários.