Bolsonaro defende investimento em cura para Covid-19 em vez de vacinas

Reuters

Publicado 26.10.2020 10:34

Atualizado 26.10.2020 11:50

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta segunda-feira que seria mais fácil e barato investir em uma cura para a Covid-19 do que em uma vacina, e voltou a defender o uso de medicamentos sem comprovação científica para combater a doença.

Em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que o desenvolvimento de vacinas leva tempo e não há motivo para "correr em cima dessa (contra a Covid-19)."

"Eu dou minha opinião pessoal: não é mais barato e fácil investir na cura que na vacina? Ou jogar nas duas mas também não esquecer a cura?", defendeu. "Eu sou um exemplo. Eu tomei cloroquina, outros tomaram ivermectina outros tomaram Annita... e pelo que tudo indica todo mundo que tomou precocemente uma das três alternativas aí foi curado."

Nenhum dos três medicamentos citados pelo presidente têm eficácia comprovada cientificamente contra Covid-19. Annita, nome comercial do vermífugo nitazoxanida --medicamento mais recente a entrar na lista dos indicados por Bolsonaro--, mostrou algum sucesso na redução da carga viral, de acordo com estudo feito no Brasil, mas não teve impacto nos sintomas da doença.

Depois de obrigar o Ministério da Saúde a suspender a compra da vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, com a cooperação do Instituto Butantan, na semana passada, o presidente defendeu, nesta segunda, que o governo não pode correr para comprar uma vacina.

"O que a gente tem que fazer aqui é não querer correr, não querer atropelar, não querer comprar dessa ou daquela sem comprovação ainda", afirmou.

Apesar das declarações de Bolsonaro desta segunda, o presidente assinou em agosto uma medida provisória que destina 1,9 bilhão de reais para a compra de doses e posterior produção local da potencial vacina contra Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica britânica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido.