Bolsonaro diz que 7 de setembro será ultimato aos que acusa de descumprir Constituição

Reuters

Publicado 03.09.2021 11:23

Atualizado 03.09.2021 12:16

Por Eduardo Simões

(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse que as manifestações de seus apoiadores no feriado da Independência, na próxima terça-feira, serão um "ultimato" para aqueles que, segundo o presidente, descumprem a Constituição.

Em cerimônia em Tanhaçu, na Bahia, para assinatura de contrato de concessão da Ferrovia Integração Oeste Leste (Fiol), Bolsonaro disse que o recado das manifestações visará duas pessoas, que ele não citou os nomes, e que servirá para fazer com que elas se curvem à Constituição.

O presidente tem atacado frequentemente os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, acusando-os de exceder os limites constitucionais.

Moraes conduz inquéritos que investigam Bolsonaro e aliados, enquanto Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), se opõe ao voto impresso para urnas eletrônicas, uma das principais bandeiras do chefe do Executivo, que constantemente alega, sem apresentar quaisquer provas, que o sistema eleitoral é fraudulento.

"Essas uma ou duas pessoas têm que entender o seu lugar, e o recado de vocês, povo brasileiro, nas ruas na próxima terça-feira, dia 7, será um ultimato para essas duas pessoas: curvem-se à Constituição, respeitem a nossa liberdade, entendam que vocês dois estão no caminho errado, porque sempre dá tempo de se redimir", discursou Bolsonaro, enquanto algumas das pessoas na plateia gritaram "Fora Barroso".

No discurso, Bolsonaro disse que atuará dentro das quatro linhas da Constituição, mas que saberá agir para, segundo ele, fazer valer a vontade do povo, caso entenda que outras pessoas descumpriram o texto constitucional.

"Nós não precisamos sair das quatro linhas da Constituição. Ali temos tudo que precisamos. Mas, se alguém quiser jogar fora dessas quatro linhas, nós mostraremos que poderemos fazer também valer a vontade e a força do seu povo", afirmou.

Em um momento em que as pesquisas apontam para perda de sua popularidade e em que tensiona cada vez a relação com o STF, Bolsonaro vem colocando todas as suas fichas em fazer dos atos de 7 de setembro em Brasília e em São Paulo uma demonstração de força e de apoio popular.