Bolsonaro recua e diz que nunca se afastou da China após insinuar que país criou coronavírus

Reuters

Publicado 05.05.2021 21:57

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Depois de insinuar que a China pode ter criado o novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro recuou no posicionamento e frisou que não citou o nome do país asiático no discurso feito mais cedo nesta quarta-feira em que falou em uma possível "guerra bacteriológica".

Questionado por jornalistas sobre a declaração feita em discurso pela manhã no Palácio do Planalto, Bolsonaro chamou de "maldade" o que disse ser uma tentativa da imprensa de criar um atrito entre o Brasil e a China.

“Eu não falei a palavra China de manhã. Eu sei o que é guerra bacteriológica, química, nuclear... não falei mais nada“, disse Bolsonaro a jornalistas no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, onde recepcionou a chegada do brasileiro Robson Oliveira, que passou mais de dois anos preso na Rússia e foi solto após intermediação do governo federal.

“É muita maldade tentar aí um atrito com uma país muito importante para nós, e nós para eles também“, acrescentou. “Nunca nos distanciamos da China. Ela tem os interesses legítimos no Brasil e vamos continuar vendendo para China, porque ela precisa o que produzimos“.

Mais cedo, em um discurso exaltado e sem citar nominalmente a China, Bolsonaro insinuou que o novo coronavírus pode ter sido criado pelo país asiático como parte de uma "guerra bacteriológica", em mais um episódio que tem potencial de gerar atrito com o principal fornecedor de insumos para vacinas do Brasil. (nL1N2MS284)

"É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em um laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é uma guerra química bacteriológica e radiológica. Será que estamos enfrentando uma nova guerra? Qual país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês", afirmou.

Apesar de o presidente não ter citado diretamente o país asiático, a China foi o único país que teve um aumento do Produto Interno Bruto em 2020, de 2,3%. O novo coronavírus foi detectado primeiro na província chinesa de Wuhan, ainda em dezembro de 2019, mas o país também foi o primeiro a controlá-la com medidas muito duras de lockdown.