Cúpula da CPI da Covid defende fazer acareação de Pazuello com depoentes após contradições

Reuters

Publicado 19.05.2021 19:03

BRASÍLIA (Reuters) - Integrantes da cúpula da CPI da Covid do Senado defenderam nesta quarta-feira em entrevistas realizar futuramente acareações do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello com outros depoentes em razão do consideram contradições do ex-titular da pasta em seu depoimento.

O relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que Pazuello mentiu muito e que o depoimento dele foi sofrível.

"Na medida em que depoimentos forem juntados à investigação com contradições óbvias nós vamos ter na sequência que fazer essas acareações sim porque essa é uma recomendação do processo investigativo", disse Renan, em uma das entrevistas.

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), afirmou que no caso de Pazuello as contradições foram tantas que talvez seja necessário fazer mais de uma acareação com o ex-ministro da Saúde.

Randolfe disse, por exemplo, que a fala do ex-ministro se contradiz com declarações dadas pelo ex-CEO da Pfizer (NYSE:PFE) no Brasil Carlos Murillo a respeito do momento das tratativas para a compra do imunizante do laboratório norte-americano. Pazuello disse que sempre houve contatos do ministério com a farmacêutica.

Em depoimento na semana passada à CPI, o então presidente da Pfizer no Brasil disse que a farmacêutica iniciou seus contatos com o governo brasileiro em maio e junho de 2020 e enviou uma primeira oferta em 26 de agosto, que teria ficado sem resposta. Ele disse que entre maio e novembro não houve contato com qualquer ministro de Estado, mas com equipes das pastas.

O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), foi na mesma linha dos colegas. "Se precisar, não tenha dúvida; vamos fazer acareação e investigar a fundo", disse ele.

A definição de eventuais acareações na CPI precisa ser aprovada pela maioria dos integrantes da comissão.

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O depoimento de Pazuello foi suspenso na tarde desta quarta após ele ter passado mal durante o intervalo e ter sido atendido pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico. O ex-ministro vai voltar a falar na manhã de quinta e ainda faltam 23 senadores inscritos para fazerem perguntas.

Após ser atendido, Pazuello chegou a negar em entrevistas que tenha passado mal. Mas ele deixou as dependências do Senado.

O depoimento do ex-ministro é apontado como um dos principais da CPI para investigar, entre outros fatos, a suposta omissão do governo Jair Bolsonaro na compra de vacinas contra Covid.

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Em entrevista a jornalistas, Aziz garantiu que Pazuello estava em condições de retomar o depoimento nesta quarta, mas como o Senado estavam em sessão de votações e havia ainda muitos senadores inscritos para inquirir o ex-ministro, achou melhor deixar para retomar os trabalhos só na manhã de quinta.

Com essa decisão, o depoimento da secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro --previsto para ocorrer na quinta-- foi adiado para a próxima terça-feira.

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Na entrevista, o presidente e o relator da CPI avaliaram que não é necessário se convocar o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, a depor na comissão.