Ibovespa cai com mais efeitos do Covid-19, em dia de giro recorde com vencimentos

Reuters

Publicado 15.04.2020 18:10

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira, com bancos e Petrobras entre as maiores pressões de baixa, seguindo o viés negativo de Wall Street após dados dos Estados Unidos realçarem receios dos efeitos econômicos da pandemia de Covid-19.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,36%, a 78.831,46 pontos. Na máxima, chegou a reverter marginalmente as perdas e tocar 80.034,78 pontos. No pior momento, chegou a 77.545,67 pontos.

O volume financeiro foi recorde e somou 97,5 bilhões de reais, com o pregão marcado pelos vencimentos de opções sobre o Ibovespa e do índice futuro. O recorde anterior era de 18 de dezembro, de 79,6 bilhões de reais.

A queda vem após duas altas seguidas, que ajudaram o Ibovespa a acumular alta de 9,45% em abril até a véspera.

A pauta norte-americana corroborou a realização de lucros, com forte queda nos lucros de bancos em razão de provisões para inadimplência e dados de varejo e produção piores do que o esperando, em mais sinais dos efeitos nocivos do coronavírus na maior economia do mundo.

Para a equipe da Elite Investimentos, a elevada volatilidade segue nos mercados, com a piora na sessão ancorada em dados dos EUA. "As estimativas do impacto do Covid-19 na economia vêm se concretizando", destacou em nota a clientes.

Notícias sobre planos de reabertura de economias também ocuparam as atenções, mesmo com o número de casos superando 2 milhões de pessoas no mundo.

O diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) disse acreditar que 19 ou 20 Estados do país sofreram impacto limitado do novo coronavírus e seus governadores creem estar prontos para retomar atividades em 1º de maio.

No Brasil, o Ministério da Saúde divulgou um recorde de casos de infecção pelo novo coronavírus em 24 horas, com 3.058 pessoas, maior aumento diário desde o início da pandemia, chegando a 28.320 confirmações no total. O país também registrou mais 204 mortes provocadas pela doença, igualando o recorde da véspera e somando 1.736 óbitos.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN (SA:PETR4) e PETROBRAS ON (SA:PETR3) caíram 2,09% e 3,26%, respectivamente, entre as maiores quedas, na esteira do tombo dos preços do Brent no exterior.

- VALE ON (SA:VALE3) perdeu 3,01%, com o setor de mineração e siderurgia no vermelho. Analistas do BTG Pactual (SA:BPAC11) veem a demanda no setor siderúrgico retornando aos níveis de 2005 em razão dos reflexos da pandemia e cortou preços-alvo no setor. GERDAU PN (SA:GGBR4) cedeu 2,16%, CSN ON (SA:CSNA3) recuou 2,02% e USIMINAS PNA (SA:USIM5) caiu 1,47%.

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- ITAÚ UNIBANCO PN recuou 3,7% e BRADESCO PN (SA:BBDC4) perdeu 2,89%. O BNDES está discutindo com bancos detalhes sobre resgates a setores duramente atingidos pela crise: companhias aéreas, montadoras, empresas de energia e grandes varejistas não essenciais. E um juiz federal proibiu, em decisão de primeira instância, que bancos aumentem as taxas de juros ou as exigências para a concessão de crédito no período da pandemia.

- BRMALLS ON caiu 4,12%, com o setor de shopping centers entre as maiores baixas. MULTIPLAN ON (SA:MULT3) recuou 2,86% e IGUATEMI ON (SA:IGTA3) perdeu 2,16%. O Valor Econômico publicou que o volume de processos de grandes grupos de shopping centers cresceu contra lojistas pequenos e médios por causa de inadimplência contratual - com pedidos de despejo ou multas.

- GOL PN valorizou-se 7,16%, tendo no radar as discussões entre BNDES e bancos sobre resgates para setores duramente atingidos pela crise. SMILES ON (SA:SMLS3), controlada pela Gol (SA:GOLL4), avançou 5,67%. AZUL PN (SA:AZUL4) subiu 0,92%.

- NATURA&CO avançou 6,78%, no segundo pregão seguido de alta, ampliando o ganho em abril para cerca de 20%, após terminar o primeiro trimestre com queda superior a 30%.