Presidente da Comissão de Relações Exteriores acusa Araújo de omissão e pede correspondências

Reuters

Publicado 18.05.2021 14:14

Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - A presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu (PP-TO), afirmou nesta terça-feira que o ex-chanceler Ernesto Araújo é um "negacionista compulsivo" e foi omisso enquanto esteve à frente da pasta, e pediu que a CPI da Covid aprove pedido ao Itamaraty para que compartilhe toda a troca de correspondências da diplomacia brasileira com outros ministérios e também com embaixadas sobre a pandemia.

Em discurso duro e com muitas críticas a Araújo durante depoimento do ex-chanceler, a senadora pontuou que a intenção da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado é identificar os responsáveis dentro do governo federal pelas mortes no país.

"Eu gostaria de pedir, se for possível, a esta comissão, todas as correspondências tramitadas pelo sistema interno entre ministérios especificamente sobre vacinas a que esta comissão possa ter acesso e também as desses ministros para o presidente da República, porque, com essas comunicações em aberto... nós vamos poder identificar qual foi o ministro que mais mal influenciou o presidente (Jair Bolsonaro), qual foi o ministro que mais bem orientou o presidente", disse a senadora, referindo-se às correspondências entre o Ministério das Relações Exteriores e as pastas da Economia, Ciência e Tecnologia, Saúde e Casa Civil.

"E nós queremos toda a comunicação do MRE para as embaixadas no mundo, especialmente dos embaixadores de onde tem os laboratórios de vacinas. Nós queremos todos os ofícios, todas as mensagens relacionados à pandemia, à vacina, à cloroquina, à hidroxicloroquina, ao que tiver. Nós queremos encontrar --não é isso?-- quem são os responsáveis pela desgraça brasileira da mortandade que ocorreu", afirmou a parlamentar, acrescentando ter a convicção que essas informações poderão apontar "quem paralisou as decisões, quem fechou os olhos do presidente Bolsonaro".

Segundo o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), os requerimentos devem ser votados pela comissão na quinta-feira.

No depoimento à CPI, o ex-ministro negou que sua atuação tenha trazido qualquer "percalço" à obtenção de vacinas, principalmente em relação à China, apesar de ter emitido queixas oficiais sobre o embaixador chinês no país.

Kátia Abreu foi mais uma, dentre os que já tiveram a chance de se dirigir ao ex-chanceler durante o depoimento na CPI, a afirmar que Araújo faltava com a verdade ou omitia informações.

A senadora citou reunião ministerial em que Araújo teria feito declarações polêmicas sobre a China ao ponto de o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar a retirada desse trecho da versão da reunião que foi publicizada para evitar danos aos laços entre o Brasil e o país asiático.

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A parlamentar lembrou que a CPI poderia pedir a quebra do sigilo para averiguar a fala do ex-titular do Itamaraty nessa reunião.