Presidente não me obrigou a tomar decisões, diz Pazuello

Reuters

Publicado 20.05.2021 14:34

Atualizado 20.05.2021 16:35

Por Maria Carolina Marcello e Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - Ao mesmo tempo em que negou ter sofrido qualquer pressão do presidente Jair Bolsonaro em sua condução à frente do Ministério da Saúde, o ex-ministro Eduardo Pazuello afirmou nesta quinta-feira à CPI da Covid do Senado que as decisões da pasta eram tomadas, em sua maioria, de forma compartilhada com os níveis de governo estadual e municipal.

Em ocasiões diferentes pressionado sobre as posições de Bolsonaro contra as medidas restritivas de circulação de pessoas impostas por governadores, declarações contrárias ao uso de máscaras, recomendando o uso da cloroquina ou questionando a eficiência das vacinas, Pazuello sustentou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que o presidente não o obrigou a tomar decisões na época em que esteve à frente da pasta.

"Eu não tomei decisões sozinho lá no Ministério da Saúde, quando eu estava lá. As decisões eram pactuadas, isso quer dizer, discutidas, de uma forma clara e objetiva e técnica com os executivos do Conass e do Conasems. Então, exclusivamente falando deste flanco que é a saúde, ele é tratado dessa forma", disse o ex-ministro.

"E posso afiançar também ao senhor e a todos os senadores: sim, eu tive liberdade de tomar, no que tange à minha parte das decisões, a liberdade de tomar as decisões. Agora, as demais frentes para a pandemia, elas são realmente conduzidas por outras pessoas", avaliou.

Pazuello, que disse não considerar as declarações do presidente e posições explicitadas em redes sociais como orientações para sua atuação na pasta, reconheceu que "todo o contexto" era analisado para a tomada de decisões.

O ex-titular da pasta relatou conversas semanais ou quinzenais com Bolsonaro, ocasiões em que apresentava "quadros" da pandemia.