SAIBA MAIS-O que está acontecendo no Equador?

Reuters

Publicado 10.01.2024 19:52

Por Julia Symmes Cobb

(Reuters) - O Equador está sofrendo com uma nova onda de violência que abalou o país, com o presidente Daniel Noboa lançando uma repressão militar contra gangues depois que grupos criminosos tomaram mais de 100 agentes penitenciários como reféns e homens armados interromperam dramaticamente uma transmissão de televisão ao vivo.

A crise destaca os desafios que Noboa tem pela frente. Ele assumiu o poder em novembro após prometer, durante a campanha eleitoral, conter a violência, já que as grupos de tráfico de drogas transportam cada vez mais cocaína pelo Equador.

POR QUE A SEGURANÇA DO EQUADOR SE DETERIOROU?

A segurança no Equador piorou desde a pandemia do coronavírus, que também afetou a economia do país andino.

O número de mortes violentas subiu para 8.008 em 2023, segundo o governo, quase o dobro do número de 2022. A violência entrou na arena política no ano passado, quando um candidato presidencial anticorrupção foi assassinado.

O governo atribui a situação ao crescente alcance das gangues de tráfico de cocaína, que desestabilizaram áreas da América do Sul.

Dentro das prisões do Equador, as gangues se aproveitaram do fraco controle do Estado para expandir seu poder. A violência nas prisões tem se tornado cada vez mais comum, resultando em centenas de mortes em incidentes que as autoridades atribuem a batalhas entre gangues pelo controle das prisões.

Guayaquil, uma cidade litorânea que é a maior do Equador, é considerada a mais perigosa do país, com seus portos atuando como um centro de contrabando de drogas.

Noboa, de 36 anos, vem divulgando seu "Plano Fênix" para a segurança, que inclui a criação de uma nova unidade de inteligência, armas táticas para as forças de segurança, novas prisões de alta segurança e segurança reforçada nos portos e aeroportos.

Isso custará cerca de 800 milhões de dólares, segundo ele, embora 200 milhões de dólares em novas armas para o Exército do Equador sejam fornecidos pelos Estados Unidos.

O QUE CAUSOU O SURTO DE VIOLÊNCIA DESTA SEMANA?

A polícia disse no domingo que Adolfo Macías, líder da gangue criminosa Los Choneros, havia desaparecido da prisão onde cumpria pena de 34 anos. As autoridades estão tentando localizá-lo.

Enquanto isso, houve incidentes de violência em pelo menos seis prisões a partir de segunda-feira. Na quarta-feira, mais de 100 guardas e outros funcionários ainda estavam sendo mantidos como reféns pelos prisioneiros. Em Riobamba, uma capital de província no centro do Equador, 39 detentos fugiram de uma prisão, embora alguns tenham sido recapturados.

A violência se espalhou pelas ruas na terça-feira, com dois policiais mortos na província de Guayas, onde fica Guayaquil.

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Sete policiais também foram sequestrados em todo o país, embora três tenham sido libertados.

A violência foi exibida de forma mais dramática quando um grupo armado invadiu um estúdio de televisão durante uma transmissão ao vivo e manteve os jornalistas sob a mira de uma arma. Mais de uma dúzia de pessoas do grupo foram presas.

Explosões também foram confirmadas em várias cidades na terça-feira, embora não tenha havido registro de feridos.

Noboa, que prometeu não negociar com "terroristas", disse que a violência é uma reação aos planos de seu governo de construir uma nova prisão de segurança máxima para os líderes de gangues presos.

O QUE O GOVERNO ESTÁ FAZENDO PARA ENFRENTAR O PROBLEMA?

Noboa declarou estado de emergência por 60 dias -- uma ferramenta usada por seu antecessor Guillermo Lasso com pouco sucesso -- na segunda-feira, permitindo patrulhas militares, inclusive em prisões, e estabelecendo um toque de recolher noturno nacional.

Em um decreto atualizado publicado na tarde de terça-feira, Noboa disse que reconhecia um "conflito armado interno" no Equador e identificou várias gangues criminosas como grupos terroristas, incluindo Los Choneros. O decreto ordenou que as Forças Armadas neutralizassem os grupos.

Setenta pessoas foram presas desde segunda-feira em resposta a incidentes como a tomada da estação de TV, informou a polícia nesta quarta-feira.