Ata do Copom indica necessidade de maior flexibilidade para condução da política

Investing.com – O cenário de inflação está mais incerto, com arrefecimento nas projeções de alimentação para o curto prazo, mas ainda com surpresas inflacionárias em serviços, além de expectativas desancoradas. É isso que mostrou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta terça-feira, 26. A reunião foi realizada entre os dias 19 e 20 de março e optou pela diminuição em 0,50 ponto percentual na Selic, para 10,75%. Ao analisar esse cenário, os membros concordaram, de forma unânime, em cortar a taxa de juros, ajustando o grau de aperto monetário indicado para o futuro, “em um cenário que se requer maior flexibilidade para conduzir a política monetária apropriada para o atingimento da meta de inflação”, aponta o documento.

Segundo a ata, uma retirada tardia poderia ser vista pelo mercado “como uma promessa não cumprida” e, por isso, o Comitê evitou indicar o plural nas próximas reuniões, pois o não cumprimento poderia levar a “impactos na credibilidade futura da comunicação e provocar volatilidade excessiva”.

Um mercado de trabalho resiliente e reajustes salariais acima da inflação, podem dificultar o processo de desinflação, no entendimento do Comitê. Por isso, os membros avaliam ser necessária uma política monetária contracionista e cautelosa, visando levar a inflação em direção à meta. “Com relação à inflação, tal como esperado no segundo estágio da desinflação, a velocidade de desinflação se reduz, exigindo serenidade e moderação na condução da política monetária”, destacou no documento.

Os membros do colegiado apontam para maior incerteza tanto no mercado local quanto global. “Na conjuntura internacional, o cenário desinflacionário se mostra mais incerto, em função de um contexto de atividade resiliente nos Estados Unidos e seu impacto nas condições financeiras globais”, pontua a ata do Copom.

O Comitê reafirmou a importância da firme persecução das metas fiscais e da disciplina fiscal. “O aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”, conclui.

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