BC agora vê pico de inflação no Brasil entre abril e maio, diz Campos Neto

Reuters

Publicado 11.02.2022 13:44

Atualizado 11.02.2022 14:25

Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira que o pico da inflação em 12 meses no Brasil deve ocorrer entre abril e maio, adiando novamente projeções apresentadas anteriormente.

Em evento da Esfera Brasil sobre política monetária, Campos Neto disse que o comportamento do setor agrícola e do preço de petróleo estão entre as causas da revisão da estimativa.

"A gente tinha uma percepção de que veria o pico da inflação perto de dezembro e janeiro, (mas) a gente viu uma quebra de safra, que não é pouco relevante, e a gente estava vendo o petróleo indo para 60 dólares, ele voltou, indo para acima de 90 dólares", disse.

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"Isso gerou uma quebra de percepção em relação ao que era pico. A gente imagina, hoje, que será alguma coisa entre abril e maio, depois vai ter uma queda da inflação um pouco mais rápida".

Em declarações ao longo dos últimos meses, o presidente do BC vinha alterando essas previsões. Ele chegou a prever o topo da inflação para setembro do ano passado, depois passou a afirmar que o pico seria atingido no início deste ano.

Campos Neto ressaltou que a autoridade monetária usará todas as ferramentas para trazer a inflação para a meta. Segundo ele, o Brasil "saiu na frente" e está mais acelerado no ciclo de aperto monetário, na comparação com outros países.

Na última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), quando elevou a taxa básica de juros a 10,75% ao ano, o BC passou a dizer que o horizonte relevante da política monetária agora tem foco em 2023 e, em menor grau, 2022. As projeções para a inflação deste ano estão acima do teto da meta.

Campos Neto afirmou ainda que há um movimento global de elevação de preços, ponderando que a inflação no Brasil não foi causada apenas por fatores externos.

Na apresentação, ele disse que os formuladores de políticas estão entendendo a persistência e a magnitude dos choques inflacionários no mundo e concluindo que a resposta será um ambiente de juros mais altos.