Reuters
Publicado 23.09.2021 08:42
ISTAMBUL (Reuters) - O banco central da Turquia cortou inesperadamente sua taxa de juros em 1 ponto percentual nesta quinta-feira, para 18%, adotando o estímulo há tempos pedido pelo presidente Tayyip Erdogan apesar da inflação alta, e levando a lira a uma mínima recorde.
A expectativa era de que o banco central mantivesse os juros em 19%, patamar em que estava desde março, já que a inflação alcançou 19,25% no mês passado. Apenas dois de 17 economistas consultados pela Reuters projetavam uma redução.
Mas o presidente do banco central turco, Sahap Kavcioglu --que Erdogan colocou no comando da autoridade monetária em março-- mostrou-se mais "dovish" (mais inclinada a estímulos monetários) nas últimas semanas, abrindo caminho para o primeiro afrouxamento monetário da Turquia desde maio do ano passado e encerrando o ciclo de aperto que começou há 12 meses.
Kavcioglu começou a enfatizar o núcleo da inflação, que ficou abaixo de 17% em agosto, e disse que a política monetária estava dura o suficiente para aliviar as altas de preços no quarto trimestre.
Esses comentários levaram analistas a alertar a um "erro de política monetária" se os cortes acontecessem cedo demais, embora a maioria projetasse que eles viriam antes do fim do ano.
A lira chegou a cair 1,4% e estava em 8,77 contra o dólar, perto de uma mínima recorde de 8,88 alcançada em junho. A depreciação da moeda causa mais inflação na Turquia devido às importações precificadas em moedas fortes.
Investidores estrangeiros descartaram ativos turcos nos últimos anos devido em parte a preocupações com a independência política do banco central, já que Erdogan demitiu seus últimos três presidente do banco central em 20 meses devido a desentendimentos sobre a política monetária.
Autointitulado "inimigo" das taxas de juros, Erdogan disse em junho que conversou com Kavcioglu sobre a necessidade de um corte em agosto. No mês passado, ele disse que "começaremos a ver uma queda nos juros".
(Reportagem de Ali Kucukgocmen e Daren Butler)
Escrito por: Reuters
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