BCE se juntará ao clube da alta de juros e discute movimento significativo

Reuters

Publicado 21.07.2022 07:31

Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa

FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu aumentará os juros pela primeira vez em 11 anos nesta quinta-feira, com um movimento maior do que o sinalizado cada vez mais provável já que as autoridades temem perder o controle da inflação ao consumidor.

Com a inflação já se aproximando dos dois dígitos, existe o risco de ela se enraizar acima da meta de 2% do BCE, exigindo aumentos de juros mesmo que isso desacelere ou até mesmo derrube uma economia que já sofre com as consequências da guerra da Rússia na Ucrânia.

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Mas as autoridades parecem longe de mostrar união sobre a rapidez com que o BCE deve agir, com alguns argumentando que o banco já está muito atrás da curva, especialmente em comparação com pares globais como o Federal Reserve, enquanto outros apontam para uma recessão iminente que o BCE corre o risco de exacerbar.

O banco até recentemente sinalizava apenas um aumento de 0,25 ponto percentual, a ser seguido por um movimento maior em setembro, mas fontes próximas à discussão disseram que um aumento de 0,50 ponto também estaria em jogo nesta quinta-feira, já que as perspectivas de inflação estão se deteriorando rapidamente.

Economistas consultados pela Reuters preveem um aumento de apenas 0,25 ponto, mas a maioria disse que o banco deveria de fato optar por 0,50 ponto, elevando sua taxa de depósito da mínima recorde de -0,5% para zero.

Para complicar a decisão, a recente queda do euro para uma mínima de duas décadas em relação ao dólar também aumenta as pressões inflacionárias, ampliando as justificativas para um aumento maior dos juros, mesmo que isso acabe prejudicando o crescimento.

Um aumento maior, no entanto, exige que o BCE proteja países mais endividados, como Itália ou Espanha, do aumento dos custos de empréstimos, Assim também seria necessário um acordo sobre um novo esquema de compra de títulos, já próximo de ser alcançado de acordo com fontes.

Quando os juros sobem, os custos dos empréstimos na periferia do bloco aumentam desproporcionalmente e o BCE prometeu combater esse tipo de fragmentação com um novo instrumento.