Copom: o que esperar sobre a decisão da nova taxa de juros no Brasil?

Investing.com

Publicado 04.08.2021 07:33

Atualizado 04.08.2021 07:43

Por Leandro Manzoni

Investing.com - O aumento mais elevado da inflação do que o mercado e o Banco Central esperavam, combinado com a deterioração da expectativa do IPCA para o ano que vem deve levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a acelerar o ritmo de alta da taxa de juros nesta quarta-feira (4).

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Após três altas seguidas de 75 pontos-base a partir de março, a taxa Selic deve subir 1 ponto percentual, de 4,25% para 5,25%, de acordo com projeção do mercado e dos quatro economistas consultados pelo Investing.com.

“Há 4 semanas, o IPCA esperado para julho era de 0,4% e deve fechar o mês mais próximo de 1%”, afirma Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter (SA:BIDI4), explicando como as projeções para a inflação subiram em julho, especialmente após o IPCA-15 do mês de 0,72% ficar acima do consenso.

“Copom não está conseguindo ancorar as expectativas de inflação para 2022, porque a projeção no Focus está se deteriorando”, diz Mauro Orefice, diretor de investimentos da BS2 Asset, ao abordar que a projeção média dos economistas ouvidos pelo Banco Central no Boletim Focus para o IPCA no ano que vem está subindo nas últimas semanas.

No último Focus, o IPCA de 2022 era projetado em 3,81%, acima dos 3,8% da estimativa da semana e dos 3,77% de quatro semanas atrás.

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Além de combater uma inflação mais persistente e realinhar a expectativa de inflação para o centro da meta de 3,5% no próximo ano, a taxa Selic vai subir 100 pontos-base como “cumprimento de promessa” do Copom expressa no comunicado publicado após a última reunião.

“Uma deterioração das expectativas de inflação para o horizonte relevante pode exigir uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários”, diz o Copom no último comunicado, condicionando um avanço acima de 75 pontos-base de acordo com a evolução dos dados, o que acabou ocorrendo, segundo os economistas entrevistados pelo Investing.com.

Veja abaixo a avaliação de cada economista:

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h2 Adauto Lima, da Western Asset/h2

O economista-chefe da gestora prevê alta de 1 ponto percentual da taxa Selic, além de projetar o encerramento do atual ciclo de aperto monetário acima do que o mercado e o próprio Banco Central prognosticavam inicialmente.

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“Inicia um aperto moderado na política monetária, antes expansionista e depois neutra”, diz Lima, afirmando que vê o Copom calibrando a taxa de juros para o novo patamar de inflação como uma forma de se prevenir a uma deterioração da expectativa. “Atual momento enseja cautela ao BC, para reafirmar seu compromisso com a inflação no centro da meta em 2022”, prossegue.

“Inclusive novos choques, como as geadas da semana passada, podem fazer com que a inflação se mantenha em um patamar indesejado”, avalia o economista, alertando sobre o risco de algum repasse no futuro, o que deve gerar mais uma alta de mesma magnitude na reunião subsequente.

h2 Alexandre Manoel, da MZK /h2

O economista-chefe da gestora (adquirida pela AZ Quest) diz que a taxa Selic vai subir para 5,25% devido aos dados de inflação não seguir as previsões do Copom. “Os bens comercializáveis não caíram como se esperava”, afirma Manoel, que também aborda as incertezas relacionadas à crise hídrica, as geadas recentes e o comportamento dos preços no setor de serviços com o processo de reabertura após a vacinação contra a Covid-19 .

“Com incerteza é prudente acelerar a alta em 100 pontos-base”, diz. Porém, o economista não vê risco de descontrole da inflação no médio prazo devido ao menor risco fiscal, que é a variável que determina o nível de preços na economia, citando que os gastos de mais de R$ 500 bilhões de combate à pandemia desde o ano passado geraram um aumento da relação dívida/PIB de 76% para 81%, abaixo da previsão de mercado de alta para próximo de 100%.

Além disso, Manoel cita a Lei Complementar 173, cujas premissas não permitem que ocupantes atuais de cargos públicos deixe aumento de gastos para o sucessor, o que limita a possibilidade que eventual alta dos gastos públicos ano que vem se tornem permanentes, assim como os gastos com a pandemia. "É diferente da crise 2008, quando medidas emergenciais se tornaram permanentes e até aprofundadas", completa.

h2 Mauro Orefice, da BS2 Asset/h2

O diretor de investimentos da BS2 avalia que a alta da taxa Selic para 100 pontos-base vai ocorrer devido à insuficiência dos três aumentos anteriores de 0,75 ponto percentual de conter a deterioração da expectativa de inflação para 2022, citando que essa justificativa estará no comunicado após a decisão.

Para as próximas reuniões, o Copom novamente vai deixar a porta aberta para um aperto maior ou menor, dependendo das condições futuras dos dados de inflação. Caso haja uma maior deterioração, o BC poderia novamente aumentar o ritmo de alta da Selic.

h2 Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter/h2

A porta aberta pelo Copom na reunião anterior, de aumentar a magnitude de alta da Selic caso a inflação se deteriorasse, vai ser utilizada para justificar uma alta de 100 pontos-base, segundo a avaliação de Rafaela Vitória do Banco Inter.

A economista cita que a expectativa de inflação já está acima do centro da meta de 3,5% e, com a expectativa de o IPCA acumulado em 12 meses fechar em 8,9% em julho, impõe riscos para a inflação futura, considerando potenciais repasses em setores que até agora não haviam apresentado correções significativas, principalmente os serviços.

“É importante o BC agir com um pouco mais de firmeza, antecipando a alta e deixando claro que o objetivo é trazer a inflação para a meta em 2022”, afirma Vitória, que projeta nova “contratação” de alta da taxa Selic em pelo menos 75 pontos-base na reunião subsequente pelo Copom no comunicado pós-decisão.

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