Emprego formal tem melhor agosto em 10 anos e governo deve prorrogar programa que evita demissão

Reuters

Publicado 30.09.2020 18:04

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil abriu 249.388 vagas formais de trabalho em agosto, melhor resultado para o mês em dez anos, surpreendendo positivamente pelo segundo mês consecutivo sob o amparo do programa do governo que concede um benefício a trabalhadores que tiveram contrato de trabalho suspenso ou jornada reduzida, que deve agora ser novamente prorrogado.

Em coletiva de imprensa, o ministro da Economia, Paulo Guedes, avaliou que o programa foi o de maior eficácia na crise do coronavírus do ponto de vista de preservação de empregos e que, por isso, deveria ser estendido por mais dois meses.

A intenção foi confirmada pelo secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco.

"Se há uma demanda, não há porque não se fazer a prorrogação. Programa bem feito, que evita demissão, traz renda ao trabalhador, garante o emprego", afirmou Bianco.

No fim de agosto, o presidente Jair Bolsonaro já havia assinado decreto que prorrogava para até 180 dias os prazos máximos dos acordos fechados dentro do programa.O resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta quarta-feira pelo Ministério da Economia, veio bem acima da criação líquida de 122.447 postos projetada por analistas em pesquisa Reuters.

Este também foi o melhor agosto para o país desde 2010, quando foram criadas 299.415 vagas.

Guedes avaliou que a performance corrobora a recuperação em V do Brasil após o impacto da crise com o coronavírus, em referência a uma retomada rápida após uma queda também abrupta.

Desta vez, o Caged contou com dados positivos nos cinco setores pesquisados, incluindo o de serviços, que, mais atingido pelas medidas de isolamento adotadas para frear o surto de Covid-19, seguia no vermelho até então.

"Superamos aquela fase em que eu dizia que estávamos tentando manter os sinais de preservação, os sinais vitais", disse Guedes.

A dianteira ficou com a indústria, com abertura de 92.893 postos em agosto. Em seguida aparecem os setores da construção (+50.489), comércio (+49.408), serviços (+45.412) e agropecuária (+11.213).

Em julho, o Caged já havia interrompido quatro meses de dados negativos com a ajuda de bons números na indústria e na construção, mas com perdas no setor de serviços.

No acumulado dos oito primeiros meses do ano, foram fechadas 849.387 vagas, num reflexo dos impactos sobre a atividade com a pandemia de Covid-19. No mesmo período de 2019, 593.467 vagas haviam sido abertas.