Fed endurece tom e sinaliza risco de alta antecipada de juros para conter inflação

Reuters

Publicado 05.01.2022 16:30

Atualizado 05.01.2022 18:00

Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) - Autoridades do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) disseram no mês passado que o mercado de trabalho estava "muito apertado" e que poderia ser preciso que o banco central dos EUA não apenas aumentasse as taxas de juros antes do esperado, mas também reduzisse sua carteira geral de ativos para conter a alta inflação, mostrou a ata da reunião de política monetária de 14 a 15 dezembro, divulgada nesta quarta-feira.

"Os participantes em geral observaram... que pode ser necessário aumentar a taxa 'federal funds' mais cedo ou em um ritmo mais rápido do que os participantes haviam previsto anteriormente. Alguns participantes também notaram que poderia ser apropriado começar a reduzir o tamanho do balanço do Federal Reserve relativamente logo depois do começo do aumento da taxa" de juros, afirmou a ata.

A linguagem mostrou a profundidade do consenso que emergiu no Fed nas últimas semanas sobre a necessidade de agir contra a alta inflação --não apenas aumentando os custos dos empréstimos, mas recorrendo a uma segunda alavanca e diminuindo a carteira de ativos do banco central em títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas acumulados durante a pandemia do coronavírus para manter baixas as taxas de juros de longo prazo.

O Fed tem cerca de 8,8 trilhões de dólares em seu balanço.

A ata ofereceu mais detalhes sobre a mudança do Fed no mês passado em direção a uma política monetária mais agressiva contra a inflação, que está rodando a mais do que o dobro da meta do Fed, de 2%.

"Os participantes apontaram uma série de sinais de que o mercado de trabalho dos EUA estava muito apertado, incluindo taxas quase recordes de demissões voluntárias e vagas em aberto, assim como uma notável aceleração no crescimento dos salários", disse a ata. "Muitos participantes julgaram que, se o ritmo atual de melhoria continuasse, os mercados de trabalho se aproximariam rapidamente do pleno emprego."

Embora as opiniões sejam de meados de dezembro, antes que o atual surto de infecções por Covid-19 se consolidasse, as autoridades também deixaram claro que a disseminação da variante Ômicron não estava, pelo menos naquele ponto, "alterando fundamentalmente o caminho da recuperação econômica nos Estados Unidos."