Fed vai apertar a política monetária, a única questão é a que velocidade

Reuters

Publicado 06.01.2022 18:08

Por Howard Schneider e Ann Saphir

WASHINGTON/SAN FRANCISCO (Reuters) - Alarmados com a persistência de um aumento desconfortavelmente acelerado dos preços, até mesmo as autoridades do banco central norte-americano mais flexíveis com a inflação agora concordam que precisarão apertar a política monetária neste ano. O debate não é mais sobre se, mas com que rapidez isso vai acontecer.

O presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, disse nesta quinta-feira que o banco central poderia aumentar as taxas de juros já em março e que agora a instituição está em uma "boa posição" para tomar medidas ainda mais agressivas contra a inflação, conforme necessário.

A presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly --que há muito tempo faz um contraponto "dovish" (flexível com a inflação) à abordagem de Bullard mais incisiva com a elevação dos preços--, disse em evento separado também esperar acréscimos nos juros neste ano, mesmo após avisar que um aperto monetário excessivamente agressivo poderia prejudicar o mercado de trabalho.

Mais cedo nesta semana, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, disse agora esperar dois aumentos na taxa básica de juros neste ano, uma reversão de sua visão de longa data de que o banco central deveria adiar a subida dos custos dos empréstimos até 2024.

Os formuladores de política monetária do Fed agora se dividem efetivamente em dois grupos: "aqueles que querem apertar a política monetária e aqueles que querem apertá-la ainda mais rapidamente", escreveu Bill Nelson, ex-economista do banco central norte-americano que agora é economista-chefe do Bank Policy Institute.

Embora a maioria das autoridades do Fed permaneça no primeiro grupo, afirmou ele, "tal distribuição resultaria em riscos de alta, e não de baixa, para a política monetária (exceto grandes surpresas econômicas, é claro)".