Fim do aperto monetário do Fed: Estamos quase chegando, Jerome

Investing.com  |  Autor Geoffrey Smith

Publicado 04.11.2022 12:24

Atualizado 06.11.2022 07:11

Por Geoffrey Smith

Investing.com – A experiência do Federal Reserve Fed nesta primeira semana de 2022 foi como aquela viagem dos pais com as crianças, em seu aspecto mais banal e deprimente: os filhos atrás, aborrecendo você, brigando entre si e cada vez mais impacientes cada vez que você responde à pergunta: “Já está chegando?”.  

“Não, filho, ainda vai demorar um pouco”.

“Aaaaah! Que chatooo!!”

“Talvez, filho, mas ficar reclamando não vai fazer a gente chegar mais rápido”.

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Para quem deseja que o Fed pare com o aperto, os sinais estão ficando mais claros a cada dia. A desinflação está se espalhando a partir dos setores da economia mais sensíveis aos juros, como o mercado imobiliário, à medida que os preços dos bens – sobretudo duráveis – estão caindo, com a resolução dos gargalos da cadeia de suprimentos.

Em segundo lugar, há sinais cada vez mais claros de que o mercado de trabalho está começando a arrefecer nos EUA. Os dias de duas vagas para cada pessoa desempregada por lá já chegaram ao fim, já que até mesmo empresas como a Amazon (NASDAQ:AMZN) (BVMF:AMZO34) estão interrompendo as contratações corporativas, ao mesmo tempo em que nomes mais fracos no setor de tecnologia, como a Meta Platforms (NASDAQ:META) (BVMF:M1TA34), dona do Facebook, Stripe e Coinbase (NASDAQ:COIN) (BVMF:C2OI34), estão fazendo demissões em números cada vez maiores.

O relatório de empregos de outubro, apesar de ainda conter algumas ambiguidades, confirmou a desaceleração mais ampla: o aumento das folhas de pagamento limitou-se a um subconjunto mais restrito de setores, enquanto a taxa de desemprego subiu.

O crescimento geral da criação de postos de trabalho claramente desacelerou nos últimos meses. Greg Daco, economista-chefe da EY, ressaltou que a média de três meses de geração de empregos agora está em seu ritmo mais lento em quase dois anos, ao atingir 289.000. O crescimento do lucro de 4,7% ano a ano também é o mais fraco desde agosto de 2021.

Além disso, os efeitos de base em breve ficarão ao lado daqueles que subestimam a importância da inflação: o rali que fez os preços do petróleo quase dobrarem desde a cotação de US$ 63 no início de dezembro passado. Antes da chegada da primavera, os estatísticos utilizarão o preço de US$ 90 como base de comparação com o ano anterior. De um ponto de vista puramente mecânico, é difícil ver os preços do petróleo dobrando novamente a partir desse patamar. Mas, ainda assim, muito provavelmente permanecerão em um nível que mantém os gastos discricionários sob pressão.

Então, o dia em que o Fed vai parar de elevar os juros está chegando?

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Bem, sim, mas...

É fato que a inflação não para de surpreender para cima, não apenas nos EUA, mas também na Europa. Economistas, inclusive os dos bancos centrais, ainda parecem estar subestimando estruturalmente a força das pressões de preços, por razões que ainda não articularam de forma clara. Cínicos diriam que a causa principal não é nem os preços de energia nem os transtornos nas cadeias de suprimentos, mas uma década de criação excessiva de dinheiro, uma coisa difícil para os banqueiros centrais admitirem, uma vez que seriam os únicos culpados por isso.

Enquanto persistir esse menosprezo, será prematuro cogitar qualquer mudança na política monetária.

É preciso considerar ainda as consequências de longo prazo da desglobalização. Como já se argumentou antes, em um mundo em que o envelhecimento da população está limitando a oferta de mão de obra para as economias baseadas em serviços, em um mundo em que a mão de obra barata da China e a energia barata da Rússia estão sendo rechaçadas por questões políticas (ainda que legítimas), em um mundo em que a criação monetária supera o crescimento da produtividade há anos – esse mundo tende a enfrentar uma inflação mais alta do que se imagina, por um período mais longo do que se imagina, mesmo durante crises cíclicas.

Ao final de uma semana de um Fed “hawkish” e um relatório de empregos bastante “dovish”,  o mercado ainda acredita que os juros pode subir mais um ponto percentual, antes de se estabilizar na primavera de 2023, e tal consideração está longe de ser pessimista demais. Os riscos podem ter mudado levemente a favor das “pombas” com os números de sexta-feira, mas este ciclo continua sendo como nenhum outro desde o fim da Guerra Fria. Ainda há uma longa e sinuosa estrada pela frente.   

 

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