Gustavo Franco: Independência do BC possibilitou juros elevados durante eleição

Investing.com  |  Autor Jessica Bahia Melo

Publicado 08.12.2022 15:30

Atualizado 08.12.2022 16:27

Por Jessica Bahia Melo

Investing.com – Um dia após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central pela manutenção da taxa de juros em 13,75%, o ex-presidente da instituição Gustavo Franco, que é considerado um dos “pais” do Plano Real, afirmou que a independência da autoridade monetária possibilitou que os juros ficassem elevados durante o período eleitoral. Com os efeitos de trade-off de uma política monetária contracionista em busca do controle inflacionário, que tende a frear a economia reduzindo a demanda por meio da restrição ao crédito, há uma dificuldade na conciliação com a atual política fiscal expansionista – que já iniciou com medidas do presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo Franco, o pesadelo de todo Banco Central é o descontrole das finanças públicas.

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A análise foi feita durante o painel “Política monetária: uma conversa entre ex-banqueiros centrais”, durante o evento Macro Vision, realizado pelo Itaú (BVMF:ITUB4). Além disso, Affonso Celso Pastore, que também já presidiu o Banco Central, participou do debate.

Gustavo Franco ressaltou os progressos, mas ponderou que o Brasil estaria abaixo do grau de independência de economias emergentes. Em relação a uma possível recondução do atual presidente Roberto Campos Neto para mais um mandato, pronunciamentos favoráveis de Lula sobre o dirigente devem depender das próximas decisões do Copom, pois o governo eleito pode enfrentar uma convivência conflituosa. Franco acrescenta que, em março, com definição de mais políticas do governo eleito, deve ocorrer a primeira decisão em que já será possível ver o tamanho do risco fiscal. “Se o panorama em março tiver ruim, Roberto vai ter que subir os juros. Aí vamos ver se vai ter recondução”, destaca.

Affonso Celso Pastore concorda que há uma divergência, hoje, entre a política fiscal e a monetária. “Quando há uma autoridade que só acredita que o crescimento deva vir com gasto público, isso só acentua o conflito. Estou vendo isso na minha frente. Uma das claras consequências está nos prêmios de risco, basta olhar para as curvas de juros”. Pastore completa que a complicação fiscal diminui a probabilidade de que o Copom deva reduzir os juros no ano que vem.

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h2 Taxa de juros neutra/h2

Pastore vê com preocupação sinais de reversão para um modelo anterior que fomenta a alta nas taxas neutras de juros e prejudicam a eficácia da política monetária. Entre as medidas que indicariam cautela, Pastore cita o subsídio por meio de bancos públicos. Para ele, o direcionamento de crédito via BNDES traz benefícios apenas àqueles com lobby mais efetivo.

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“A taxa neutra de juros não tem vida própria e não é constante na natureza. Qualquer que seja a estimativa, trabalhando com modelos estruturais do Fundo Monetário Internacional (FMI), quando a taxa neutra está caindo, a NTN-B está caindo, e vice-versa. Todos os períodos de queda de taxa neutra estão associados a algum grau de melhora do controle fiscal e todos os períodos em que isso se reverteu, como no período da Dilma, ela cresceu. Com teto de gastos, a taxa neutra caiu. Mas, os com sucessivos rompimentos do teto, essas taxas estão subindo novamente”, explica Pastore.

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