IBC-Br sobe mais do que o esperado em junho e indica expansão econômica de 0,57% no 2º tri

Reuters

Publicado 15.08.2022 09:15

Atualizado 15.08.2022 10:55

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) -A atividade econômica do Brasil registrou crescimento acima do esperado em junho de acordo com dados do Banco Central e interrompeu dois meses seguidos de quedas, fechando o segundo trimestre com expansão, ainda que com perda de ritmo sobre o início do ano.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou em junho avanço de 0,69%, de acordo com o dado dessazonalizado do indicador que é um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB).

A leitura informada pelo BC nesta segunda-feira ficou bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters de ganho de 0,25%.

No entanto, o BC piorou o dado de maio para uma contração de 0,26%, depois de informar anteriormente queda de 0,11%. Em abril, o índice apresentou recuo de 0,52% na comparação mensal.

Ainda assim, o IBC-Br registrou no segundo trimestre expansão de 0,57% na comparação com os três meses anteriores, mas mostrou perda de força depois de ter avançado 1,12% de janeiro a março.

"O fechamento do segundo trimestre mostra avanço... comparado ao trimestre anterior, o quarto seguido de variação positiva, e coloca perspectiva positiva para a atividade no ano", disse em nota Felipe Sichel, sócio e economista-chefe do Banco Modal (BVMF:MODL11). "Em contrapartida, a desaceleração da atividade global, a queda recente dos preços das commodities e o impacto defasado da política monetária devem contribuir para desaceleração do ritmo de atividade no quarto trimestre."

O IBGE divulgará os dados oficiais do PIB no dia 1 de setembro, depois de informar que a economia teve no primeiro trimestre crescimento de 1,0%.

Na comparação com junho do ano anterior, o IBC-Br registrou alta de 3,09%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 2,18%, de acordo com números observados.

"Cenário de incerteza à frente, mas a base está mais robusta, principalmente o mercado de trabalho", disse no Twitter Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter (BVMF:BIDI4).

SERVIÇOS EM DESTAQUE

Em junho, somente o setor de serviços teve desempenho positivo, com alta no volume de 0,7%.

Na contramão, indústria brasileira interrompeu quatro meses seguidos de ganhos com queda acima do esperado de 0,4%, enquanto as vendas no varejo recuaram 1,4%.

O Brasil vive um ambiente de inflação e juros elevados, mas ao mesmo tempo com uma política fiscal estimulativa que tende a dar sustentação à demanda no curto prazo.

O país ainda encara incertezas relacionadas à eleição presidencial de outubro e desafios provenientes do cenário internacional. Além de a guerra na Ucrânia ter impacto sobre os preços, o aumento de juros nas economias avançadas tende a retrair a atividade no mundo e afastar investimentos de países emergentes.

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Por outro lado, tendem a mitigar as condições financeiras mais apertadas a melhora do mercado de trabalho e medidas de auxílio do governo, adiando os impactos mais significativos da política monetária apertada sobre a atividade.

Depois da liberação de saques extraordinários do FGTS, antecipação do 13º de aposentados e pensionistas e o Auxílio Brasil, são esperados os impactos da redução das alíquotas de ICMS sobre os setores de combustíveis, gás, energia, comunicações e transporte coletivo.

A PEC dos Benefícios, que tem por objetivo aumentar o valor ou criar novos benefícios sociais a menos, também pode ajudar a atividade econômica.

Buscando controlar a inflação crescente, o BC elevou a Selic neste mês a 13,75% e, embora tenha dito que avaliará a necessidade de ajuste residual nos juros, boa parte dos mercados parece acreditar que este ciclo de aperto monetário já chegou ao fim.