Reuters
Publicado 09.06.2021 09:02
Atualizado 09.06.2021 10:10
Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A inflação oficial do Brasil disparou em maio acima do esperado e atingiu o nível mais elevado para o mês em 25 anos sob pressão da energia elétrica, ultrapassando em 12 meses 8% num momento de atenção ao cenário inflacionário e de aperto da política monetária.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou a alta a 0,83% em maio depois de subir 0,31% em abril, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse é o resultado mais forte para maio desde 1996 (1,22%) e ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,71%.
Com isso, o índice acumulado em 12 meses disparou a 8,06%, de 6,76% em abril, mostraram os dados divulgados nesta quarta-feira. A expectativa era de alta de 7,93%.
Esse resultado mais elevado desde setembro de 2016, que reflete a saída do cálculo de dados fracos vistos no ano passado, deixa a inflação acumulada bem acima do teto da meta oficial para este ano --uma inflação de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
"É uma inflação de administrados esse mês. Não há pressão de demanda. Apesar de certa recuperação da economia, ainda temos uma renda comprimida e desemprego alto", explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
O mês de maio foi marcado por uma alta de 5,37% da energia elétrica, que exerceu o maior impacto individual no índice do mês, uma vez que passou a vigorar a bandeira tarifária vermelha patamar 1.
"O outro fator é a série de reajustes que houve no final de abril em várias concessionárias de energia elétrica espalhadas pelo país", disse Kislanov.
Isso levou o grupo Habitação a acelerar a alta a 1,78% em maio, de 0,22% no mês anterior. Já os custos de Transportes passaram a subir 1,15%, de uma queda de 0,08% em abril, diante do avanço de 2,87% dos preços da gasolina.
Alimentação e bebidas teve alta de 0,44% de 0,40% antes, embora a alimentação no domicílio tenha desacelerado de 0,47% em abril para 0,23% em maio. Isso principalmente por conta das frutas (-8,39%), da cebola (-7,22%) e do arroz (-1,14%). Por outro lado, as carnes subiram 2,24% e já acumulam avanço de 38% nos últimos 12 meses.
Por outro lado, comer fora de casa ficou mais caro, com a taxa da alimentação fora do domicílio passando a subir 0,98% em maio de 0,23% no mês anterior.
"Um dos motivos que podem explicar esse comportamento na alimentação fora de casa é o aumento de custos, devido à alta nos preços das proteínas", disse Kislanov. "Outro aspecto é o possível aumento de demanda. Maio, por ter tido uma abertura maior, pode ter influenciado o aumento da demanda."
SERVIÇOS
O cenário inflacionário tem sido acompanhado de perto, com o Comitê de Política Monetária do Banco Central voltando a se reunir na próxima semana. Depois de a taxa básica de juros Selic ter saído da mínima de 2% para o atual patamar de 3,5% desde março, a expectativa é de novo aumento na próxima quarta-feira.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, ressaltou recentemente surpresas altistas na inflação, afirmando que as expectativas para a alta dos preços no Brasil subiram mais do que em outros países. Ele também assegurou que a meta será cumprida, mas destacou dúvidas sobre a trajetória dos preços de commodities e da inflação de serviço conforme as economias reabrem.
Ele avaliou na véspera que o Brasil deve passar por um estágio de "euforia" no consumo de serviços no segundo semestre com a reabertura da economia, e que a perspectiva para a inflação do setor será uma das principais questões que o Copom vai avaliar.
Em maio, os preços de serviços, setor mais afetado pelas medidas de isolamento devido à Covid-19, recuaram 0,15%, sobre variação positiva de 0,05% no mês anterior.
Na pesquisa Focus mais recente realizada pelo BC com uma centena de economistas, a perspectiva para a inflação este ano está agora em 5,44%, com a Selic a 5,75%.
Escrito por: Reuters
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