Prévia da inflação cai mais que o esperado em setembro ainda sob impacto de combustíveis

Reuters

Publicado 27.09.2022 09:05

Atualizado 27.09.2022 10:10

Por José de Castro

(Reuters) - A prévia da inflação "oficial" caiu mais do que o esperado em setembro ao emendar sua segunda deflação consecutiva, ainda influenciada pelo recuo nos preços dos combustíveis, com destaque para a gasolina, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) caiu 0,37% em setembro, após declínio de 0,73% em agosto.

O IPCA-15 difere do IPCA --este referência para o regime de metas de inflação do país-- somente no período de coleta e na abrangência geográfica.

No ano, o IPCA-15 sobe 4,63% e, em 12 meses, avança 7,96%, abaixo dos 9,60% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. A meta da inflação para este ano é 3,50%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Analistas consultados pela Reuters haviam projetado recuo de 0,20% na comparação mensal e alta de 8,14% em 12 meses.

As projeções de juros na B3 (BVMF:B3SA3) tinham firmes quedas na manhã desta terça-feira, sobretudo a partir de janeiro de 2024, referendando, assim, expectativas de baixa nos juros no segundo semestre de 2023, conforme sinalizado pelo Banco Central na semana passada e reforçado pela ata do Copom publicada nesta manhã.

Para o economista chefe para mercados emergentes da consultoria britânica Capital Economics, William Jackson, a queda da inflação confirma que o ciclo de aperto monetário chegou ao fim, após o BC ter mantido a taxa Selic em 13,75% na semana passada.

"Da mesma forma, o fato de a inflação permanecer muito forte (particularmente fora das categorias de alimentos e energia) corrobora nossa visão de que o banco central vai esperar até meados do próximo ano antes de recorrer a cortes de juros", afirmou em nota.

Em setembro de 2021, o IPCA-15 subiu 1,14%.

Os núcleos do índice, medidas acompanhadas de perto pelo Banco Central, desaceleraram as altas este mês, com a média dos números saindo de 0,67% em agosto para 0,47% em setembro, segundo cálculos da corretora Necton. Ainda assim, os níveis são considerados elevados.

Nas contas da corretora, a inflação de serviços esfriou a 0,18%, de 0,51% em agosto.

O IBGE citou que, apesar do recuo no índice cheio, apenas três dos nove grupos do índice tiveram queda de preços -- Transportes (-2,35%), Comunicação (-2,74%) e Alimentação e Bebidas (-0,47%)--, o que dá ideia do papel da queda nos preços dos combustíveis nas mais recentes deflações.

O IPCA-15 excluindo os preços dos combustíveis teria subido 0,26%, de alta de 0,42% em agosto. Os preços livres no índice, ainda de acordo com a Necton, diminuíram a alta para 0,07% em setembro, de 0,39% em agosto.

De toda forma, o índice de difusão --que mostra quão espalhadas estão as variações de preços-- caiu a 58,4%, de 65,3% em agosto.

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GRUPOS

Dentre os grupos, a queda no grupo Transportes se deveu ao recuo nos combustíveis (-9,47%). Etanol (-10,10%), gasolina (-9,78%), óleo diesel (-5,40%) e gás veicular (-0,30%) tiveram seus preços reduzidos.

A gasolina teve o impacto negativo mais intenso entre os 367 subitens pesquisados, tirando 0,52 ponto percentual do índice.

Esse resultado decorre da redução no preço do produto vendido para as distribuidoras, em 16 de agosto (0,18 centavos de real por litro) e em 2 de setembro (0,25 centavos de real por litro).

Comunicação (-2,74%) e Alimentação e bebidas (-0,47%), com impactos de -0,14 ponto percentual e -0,10 ponto, respectivamente, também influenciaram o IPCA-15.