Alta do IPCA-15 desacelera em março mas fica acima do esperado com peso de alimentação

Reuters

Publicado 26.03.2024 09:01

Atualizado 26.03.2024 10:15

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - O avanço do IPCA-15 voltou a desacelerar em março com a perda de força do impacto sazonal da educação, mas ainda ficou acima do esperado sob o peso dos preços de alimentação e bebidas.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) passou a subir 0,36% em março, de uma alta de 0,78% em fevereiro, em um resultado que ficou ligeiramente acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,32%.

Os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram ainda que a taxa acumulada em 12 meses passou a uma alta de 4,14%, de 4,49% em fevereiro e expectativa de 4,10%.

A meta para a inflação em 2024 é de 3,0%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.

O mês de março foi marcado por uma desaceleração no avanço dos custos de Educação a 0,14%, de 5,07% em fevereiro, quando o grupo foi impactado pelos reajustes tradicionais de início do ano letivo.

No entanto, o grupo de Alimentação e Bebidas pressionou o resultado com alta de 0,91%, ainda que tenha ficado abaixo da taxa de 0,97% vista em fevereiro, exercendo o maior impacto no índice do mês.

A alimentação no domicílio subiu 1,04% em março, com aumentos dos preços da cebola (16,64%), do ovo de galinha (6,24%), das frutas (5,81%) e do leite longa vida (3,66%).

O grupo Transporte acelerou a alta em março a 0,43%, de 0,15% no mês anterior, com a queda de 9,08% das passagens aéreas sendo compensada pela alta de 2,39% da gasolina. O etanol avançou 4,27% e os preços dos combustíveis como um todo subiram 2,41%.

Já Saúde e cuidados pessoais registrou alta de 0,61% no período, de 0,76% em fevereiro, com avanços em saúde (0,77%), produtos farmacêuticos (0,73%) e itens de higiene pessoal (0,39%).

A inflação vem sendo amplamente considerada sob controle no Brasil, com o Banco Central dando continuidade ao ciclo de afrouxamento monetário, ainda que venha ressaltando a necessidade de atenção ao aumento dos preços de serviços em meio a um mercado de trabalho aquecido.

"No geral, a dinâmica tanto do número geral quanto do núcleo do IPCA-15 continua a mostrar que a inflação subjacente está sob controle, apesar do resultado acima do esperado por conta do aumento dos preços dos alimentos com as condições climáticas ruins", disse Andres Abadia, economista-chefe para América Latina da Pantheon Macroeconomics.

"Ainda esperamos que a inflação continue a cair lentamente este ano, conforme os preços dos alimentos frescos comecem a se normalizar", completou.

Na semana passada, o BC decidiu por nova redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 10,75% ao ano, e encurtou sua indicação sobre cortes futuros ao citar uma ampliação de incertezas, afirmando que sua diretoria antevê corte na mesma intensidade apenas na próxima reunião, em maio.

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