PIB: Economistas esperam perda de fôlego e até retração no 4T22

Investing.com  |  Autor Jessica Bahia Melo

Publicado 01.03.2023 15:19

Atualizado 02.03.2023 07:37

Por Jessica Bahia Melo

Investing.com – Com efeitos da elevação da taxa de juros, a economia brasileira deve frear em relação aos trimestres anteriores, mas o ano passado deve ser de crescimento, puxado principalmente pela retomada dos serviços, na visão de economistas consultados pelo Investing.com Brasil. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga os dados do Produto Interno Bruto (PIB) nessa quinta-feira, 2. As projeções consensuais compiladas pelo portal indicam uma retração de 0,2% nos últimos três meses do ano, na comparação trimestral. Na base anual, a estimativa é de alta de 2,2%.

Em relatório macroeconômico, o Itaú (BVMF:ITUB4) detalhou que prevê que o crescimento brasileiro no quarto trimestre tenha apresentado estabilidade na margem, com ajuste sazonal, desacelerando frente ao crescimento de 0,4% do trimestre anterior. Na comparação anual, a projeção é de avanço de 2,2%. Caso a estimativa do Itaú de 0% seja confirmada, o crescimento para 2022 seria de 3,0%, puxado principalmente pelo setor de serviços, mas com altas também em indústria e agropecuária.

Claudio Considera, coordenador de Contas Nacionais do FGV/Ibre, concorda com a projeção consensual de retração trimestral de 0,2%, com estimativa de alta de 2,9% no ano de 2022 como um todo. Na visão do especialista, a injeção de recursos via Auxílio Emergencial possibilitou o retorno da aquisição de mais serviços.

“No ano, o crescimento se deve ao setor de serviços, principalmente, com recuperação muito forte após o isolamento social durante a pandemia. Os serviços sofreram uma queda muito grande e as pessoas usaram seus recursos para adquirir alguns bens duráveis. Depois, passaram a comprar serviços e reduziram a compra de duráveis. Isso fez com que a economia crescesse, sendo que o setor de serviços possui a maior representação dentro do PIB”, detalha Considera.

Já a desaceleração trimestral estaria relacionada aos efeitos da elevação da taxa de juros, com a necessidade de frear a inflação. Nesse cenário, a compra de bens duráveis, que geralmente ocorre em prestações, como geladeiras, fogões, carros, perderam espaço, com juros mais robustos, inadimplência em alta e perda no poder de compra diante dos aumentos nos preços.

O Banco Original projeta uma contração de 0,1% do PIB no quarto trimestre e alta de 2,9% no acumulado do ano. Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, afirma que os últimos indicadores mostram perda de fôlego. “Tanto agricultura quanto indústria e varejo se posicionaram como âncoras negativas para o PIB, absorvendo choques da La Niña sobre a produtividade nas safras, sobretudo soja e milho, na região sul do país, e parte dos efeitos negativos da taxa de juros, respectivamente. Apenas o setor de serviços se mostrou mais robusto em dezembro, evidenciando um maior consumo de serviços presenciais diante de eventos extraordinários como a Copa e, em menor grau, descontos da Black Friday sobre alojamento e alimentação”, completa Caruso.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Paralelamente, os dados mais recentes do mercado de trabalho indicam diminuição na taxa de desemprego, que atingiu 7,9% no trimestre encerrado em dezembro. “Embora o resultado seja positivo à primeira vista, tanto a contingência da população ocupada quanto a força de trabalho desaceleraram no período, confirmando as expectativas de desaceleração das contratações”, pondera o economista do Banco Original.

Já Claudia Moreno, economista do C6 Bank, também acredita em uma retração de 0,2% nos últimos três meses do ano. “Olhando para a composição dessa leve retração, o que puxa para baixo seria a indústria. Para serviços, projetamos estabilidade e agropecuária com resultado positivo”, indica Moreno, que também enxerga que ao longo do ano a economia apresentou recuperação puxada pelo setor de serviços com a reabertura pós-covid.

O que esperar de 2023

As taxas de juros mais altas em países como Estados Unidos, além da Selic em 13,75% no Brasil trazem cautela para este ano. Enquanto o governo trava uma briga com o Banco Central para que os juros caiam, economistas apontam que esse deve ser um dos principais fatores para a economia desacelerar no ritmo de crescimento deste ano, em meio a receios de uma recessão global. Economistas consultados pelo Banco Central esperam que o PIB fique em 0,84% em 2023, de acordo com o Boletim Focus divulgado na segunda-feira, 27 de fevereiro.

A inflação segue como ponto de atenção e o Banco Central utiliza o mecanismo de política monetária contracionista, a alta dos juros, para frear a alta nos preços. “Isso faz com que o empresário tire o pé do acelerador, não invista, o que consequentemente afeta o PIB. Mas, com a inflação em patamar alto, o Banco Central tem que continuar com a taxa de juros elevada, por isso está tendo essa briga forte”, avalia Luiz Carlos Corrêa, sócio da Nexgen Capital.

A FGV estima um crescimento de 0,3% da economia brasileira neste ano, com a continuidade da inflação e do processo de perda de poder de compra. Na visão de Considera, a taxa de juros vai continuar elevada para segurar inflação. “A bagunça das contas fiscais vai ficar e o governo vai ter que cuidar dessa parte”, completa o coordenador de Contas Nacionais do FGV/Ibre.

A recuperação dos serviços passou por um esgotamento, no entendimento da especialista do C6. Aliada à elevação nos juros, a tendência é de que o próximo ano seja mais desafiador. “A taxa de juros deve seguir elevada por bastante tempo, com inflação caindo, mas a passos lentos. Inflação de serviços deve demorar a ceder pela inércia inflacionária, que é forte no brasil, além de um mercado de trabalho mais apertado”, conclui Moreno.

O C6 estima para 2023 um crescimento de 1%, com alta mais robusta na agropecuária, com safra recorde, além de estímulos fiscais aumentando a demanda no curto prazo, ainda que o processo não seja duradouro.

No vídeo abaixo do canal do Youtube do Investing.com Brasil , economistas detalharam como a desaceleração global poderia influenciar no crescimento brasileiro. Confira - e aproveite para seguir o canal!

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações