Santander espera IPCA menor em 2022, mas sobe projeção para 2023 e passa a ver Selic terminal de 14,25%

Reuters

Publicado 14.07.2022 12:03

Atualizado 14.07.2022 13:20

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O Santander (BVMF:SANB11) reduziu sua projeção para a alta do IPCA em 2022, na esteira da aprovação de novas reduções de impostos no Brasil, mas espera que o efeito dessas medidas tenha curta duração, o que levou a uma elevação de suas estimativas de inflação para o ano que vem.

Agora, o banco espera que os preços ao consumidor subam 7,9% neste ano, contra projeção anterior de 9,5%.

A revisão vem na esteira da redução de alíquotas de ICMS sobre os setores de combustíveis, gás, energia, comunicações e transporte coletivo, mas o Santander notou em relatório assinado por sua economista-chefe, Ana Paula Vescovi, e pelo time macroeconômico para o Brasil que "parte das desonerações tributárias deve ser revertida no próximo ano", o que justifica alta no prognóstico do IPCA de 2023 para 5,7%, de 5,3% antes.

O cenário do banco prevê superação dos tetos das metas oficiais de inflação tanto neste ano quanto no próximo. Os centros dos objetivos perseguidos pelo Banco Central são de 3,5% para 2022 e 3,25% para 2023, sempre com margem de tolerância de 1,50 ponto percentual para mais ou para menos.

Diante desse cenário, "identificamos a necessidade de um aperto adicional na taxa Selic para que o Banco Central do Brasil (em sua ótica) possa trazer a inflação para mais perto do centro da meta em 2023", disse Vescovi, ex-secretária do Tesouro Nacional.

O Santander passou a projetar juros básicos de 14,25% ao fim do atual ciclo de aperto monetário do BC, prevendo altas de 0,50 ponto percentual tanto em agosto quanto em setembro. Antes, o banco previa Selic terminal de 13,50%.

Também houve ajuste nos prognósticos para os anos seguintes, com o Santander vendo a Selic em 12,00% ao fim de 2023 (10,50% antes) e 9,00% no término de 2024 (8,00% antes).

O Santander elevou a previsão para o crescimento do PIB em 2022 a 1,9%, contra 1,2% anteriormente. As estimativas para 2023 e 2024 foram mantidas: retração de 0,6% e expansão de 0,5%, respectivamente.

FISCAL E CÂMBIO

O Santander passou a ver déficit primário em 2022, de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB), contra superávit de 0,4% previsto anteriormente. O credor citou efeitos negativos de maior estímulo fiscal via desonerações tributárias e PEC dos Benefícios --que estabelece despesas fora do teto de gastos e deve ser promulgada nesta semana.