Serviços do Brasil crescem acima do esperado em abril mas permanecem abaixo do nível pré-pandemia

Reuters

Publicado 11.06.2021 09:02

Atualizado 11.06.2021 10:10

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O setor de serviços do Brasil cresceu mais do que o esperado em abril, mas iniciou o segundo trimestre ainda abaixo do patamar pré-pandemia diante da intensificação das medidas de contenção ao coronavírus no país.

O volume de serviços teve em abril alta de 0,7%, em um momento de piora da situação sanitária no Brasil, de acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse resultado ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,6%, mas recuperou apenas parte da queda de 3,1% vista em março.

"O setor teve crescimento mais moderado e está 1,5% abaixo do período pré-pandemia. Só em fevereiro ficou acima", disse o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, explicando que serviços precisam crescer 1,5% em maio para voltar ao patamar positivo pré-pandemia.

"O setor vem sendo afetado por uma nova onda de medidas de restrição impostas por cidades e Estados que afeta o consumo e a demanda presencial."

Em relação a abril do ano passado, o volume de serviços aumentou 19,8% e também ficou acima da expectativa, de crescimento de 18,2%, registrando o ganho mais forte da série histórica, iniciada em janeiro de 2012. O resultado, no entanto, deve-se principalmente à base baixa de comparação.

Com medidas de restrição mais rigorosas no país diante de novo pico da pandemia no Brasil, o setor de serviços, altamente dependente da presença física, enfrenta ainda o desemprego elevado.

Entre as atividades pesquisadas em abril, apenas duas tiveram resultados positivos.

Os serviços de informação e comunicação avançaram 2,5% no mês, impulsionados pelos segmentos de tecnologia da informação e telecomunicações.

Já o volume de serviços prestados às famílias aumentou 9,3% em abril, liderado principalmente pelos restaurantes. Mas Lobo ressaltou que esse resultado deve ser relativizado, uma vez que em março os serviços prestados à família despencaram 28%.

"Isso fez o consumo reduzir significativamente naquele mês, então em abril houve um crescimento maior por conta da base de comparação muito baixa”, explicou.