Dívida bruta salta 10,7 pontos até julho e chega ao patamar recorde de 86,5% do PIB

Reuters

Publicado 31.08.2020 09:41

Atualizado 31.08.2020 10:20

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - A dívida bruta brasileira, considerada a principal medida da saúde fiscal do país, subiu 10,7 pontos no ano até julho, ao patamar recorde de 86,5% do Produto Interno Bruto (PIB), informou o Banco Central nesta segunda-feira.

A trajetória tem sido guiada pelo aumento explosivo dos gastos no enfrentamento à crise com o coronavírus. Mas outros fatores também têm pesado na conta.

Segundo o BC, as emissões líquidas de dívida responderam por 5,9 pontos do crescimento da dívida bruta no ano até aqui. A incorporação de juros nominais, por sua vez, foi responsável por elevação de 2,6 pontos, seguida pela desvalorização cambial acumulada (+1,4 ponto) e o efeito da variação do PIB nominal (+0,8 ponto).

Para 2020, a projeção mais recente do Ministério da Economia era de dívida bruta de 94,7% do PIB, considerando a expectativa de contração da economia de 4,7%.

Em julho, a dívida líquida também subiu a 60,2% do PIB, acima dos 58,0% do mês anterior. A expectativa do mercado, segundo pesquisa Reuters, era de dívida bruta de 86,9% e dívida líquida de 59,1% do PIB.

PRIMÁRIO

O setor público consolidado brasileiro teve déficit primário de 81,071 bilhões de reais em julho, abaixo da expectativa de 94 bilhões de reais para o mês, conforme agentes consultados pela Reuters.

O déficit do governo central (governo federal, BC e Previdência) foi de 88,141 bilhões de reais no período. Em contrapartida, Estados e municípios registraram superávit de 6,281 bilhões de reais e as empresas estatais ficaram no azul em 790 milhões de reais.

Na sexta-feira, o Tesouro já havia informado que o déficit do governo central de julho havia sido recorde para o período, afetado principalmente pelas despesas extraordinárias ligadas à pandemia de Covid-19, dinâmica que tem se repetido desde abril.