Super Quarta: O que esperar das decisões de hoje do FOMC e do Copom?

Investing.com  |  Autor Jessica Bahia Melo

Publicado 22.03.2023 06:00

Por Jessica Bahia Melo

Investing.com – Em meio a um dilema entre domar pressões inflacionárias e conter repercussões de uma crise bancárias, as autoridades monetárias ainda tentam encontrar uma saída para suas próximas decisões das taxas de juros. Nesta quarta-feira, 22, é dia de anúncio nos Estados Unidos e no Brasil. A expectativa de consenso indica para uma alta de 0,25 ponto percentual nas fed funds americanas, enquanto para o mercado local, estabilidade da Selic no patamar atual, em 13,75%.

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As últimas semanas foram de aumento da tensão nos mercados, após a quebra de dois bancos americanos, Silicon Valley Bank (NASDAQ:SIVB) e o Signature Bank (NASDAQ:SBNY). O receio é de que o First Republic Bank (NYSE:FRC) possa ser a próxima vítima. Enquanto isso, o mercado ainda repercute a crise no Credit Suisse (SIX:CSGN), cujos problemas financeiros devem ser contornados com a compra pelo rival UBS, ambos os maiores bancos da Suíça. O medo do contágio para outros bancos elevou a aversão ao risco nos últimos pregões – e os investidores ainda estão de olho se novas altas nos juros podem impactar os balanços de outras instituições financeiras, piorando mais a situação.

h2 Mercado projeta alta nas fed funds americanas/h2

Ainda que a inflação esteja em patamares mais baixos, o indicador ainda se encontra longe da meta de 2% e, por isso, a expectativa é de que o Federal Open Market Committee (FOMC) eleve as taxas de juros em 0,25 ponto percentual, repetindo a decisão da última reunião, em 1º de fevereiro. Assim, as fed funds, que hoje estão na faixa 4,50%-4,75%, passariam para o intervalo de 4,75%-5,00%.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) chegou a 6% em doze meses finalizados em fevereiro, conforme dados do U.S Bureau of Labor Statistics.

Em entrevista ao Investing.com Brasil, Sophie Altermatt, economista do banco suíço Julius Baer, ressalta que o BC americano passa por um verdadeiro dilema. “O Fed vem enfrentando uma batalha entre aumentar os juros diante de inflação ainda elevada e os riscos financeiros, com alta do estresse devido à política monetária mais restritiva”. O Julius Baer concorda com a projeção consensual.

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Já o UBS, que também estima uma alta de 0,25 ponto percentual na decisão desta quarta, lembra que mesmo que o setor bancário tenha apresentado turbulência recente, o Fed ainda enfrenta um problema inflacionário. Segundo o UBS, o Fed historicamente separou suas ações de política monetária dos esforços macroprudenciais, assim como as ferramentas para lidar com cada um dos problemas. “No último fim de semana, o as medidas tomadas pelo Fed, Tesouro e FDIC representam a resposta macroprudencial em andamento, separada da política monetária, consistente com as últimas décadas da instituição”, acredita o UBS, apontando para uma tentativa de separar e desvincular riscos do capital bancário de decisões relacionadas à política monetária contracionista.

O entendimento é diferente no Goldman Sachs (NYSE:GS), que espera uma pausa nas altas devido às tensões no sistema bancário, tornando o retorno da inflação à meta, um objetivo de médio prazo, uma questão menos urgente.

h2 No Brasil, tendência é de que Copom mantenha juros/h2

Em meio às críticas do governo contra o patamar atual da taxa de juros básica da economia brasileira, incluindo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice Geraldo Alckmin, a expectativa consensual é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central mantenha a Selic em 13,75%, com a perspectiva de que a nova regra fiscal seja anunciada somente após viagem da comitiva presidencial à China.

A inflação brasileira também segue acima da meta. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 5,60% em doze meses finalizados em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,25%, com 1,5 ponto porcentual de tolerância.

Também em entrevista ao Investing.com Brasil, Helena Veronese, economista-chefe na B.Side Investimentos, disse que espera que a Selic só comece a ser reduzida no último trimestre, mas a situação pode mudar com um possível agravamento da crise bancária ou até com um arcabouço fiscal mais crível. “Os últimos acontecimentos elevam a chance de o Banco Central antecipar os cortes, o que já está precificado nas curvas”, ressalta Veronese.

Na visão de Fabio Terra, professor de economia na Universidade Federal do ABC, o Copom pode começar o processo de redução nos juros a partir do próximo encontro, ainda que já exista condição para essa medida, segundo ele. “Como a comunicação da última reunião foi muito enfática sobre não alterar os juros neste momento, acredito que o Copom deve vai incluir no balanço de riscos uma possibilidade de queda antes do que era previsto”, pondera.

Entre as instituições financeiras, o BofA (NYSE:BAC) espera que a Selic comece a cair em maio, não mais em agosto, com um recuo de 0,25 ponto percentual, levando em conta os sinais de deterioração dos mercados de crédito brasileiros. “A alavancagem corporativa está aumentando, os consumidores estão atrasando os pagamentos de empréstimos e mais empresas estão declarando falência”, alerta o banco. A expectativa do BofA é de que a Selic termine o ano em 11%.

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