Reuters
Publicado 08.12.2021 09:07
Atualizado 08.12.2021 10:51
Por José de Castro e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) -As vendas no varejo brasileiro emendaram a terceira queda em outubro e voltaram a ficar abaixo do patamar pré-pandemia, afetadas por um conjunto de fatores como inflação alta, renda parada e menor crédito, num indicativo do cenário mais difícil para consumo das famílias, importante componente do Produto Interno Bruto (PIB).
O volume de vendas recuou 0,1% em outubro ante setembro, na série com ajuste sazonal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. A taxa é a pior para meses de outubro desde 2018 (-0,3%).
Em três meses seguidos de números negativos, o declínio acumulado é de 5,2%. Com essa sequência, a atividade no comércio volta a ficar em níveis abaixo da pré-pandemia, em queda de 0,1%. A última vez que o varejo havia caído abaixo desse patamar fora em março passado, quando ficou 0,9% aquém de fevereiro de 2020.
Sobre outubro de 2020, o recuo foi de 7,1%, o terceiro consecutivo.
As leituras mensal e anual vieram bem abaixo do esperado: em pesquisa Reuters, economistas projetavam alta de 0,8% sobre setembro e queda de 5,6% na comparação com um ano antes.
O gerente da pesquisa do IBGE, Cristiano Santos, disse que o mau desempenho do comércio pode ser atribuído a "vários fatores", como inflação mais alta; renda estabilizada, o que gera menor poder de compra; e menor disponibilidade de crédito para pessoa física.
"A pandemia mudou a estrutura de consumo, mas neste ano a inflação acaba por afetar o consumo, especialmente de super e hipermercados, que têm peso e relevância muito grande", disse Santos. "O isolamento (social, pela pandemia) diminuiu, mas aí veio o fator preço. Com renda estável, crédito cai e inflação sobe em setores-chave, e o comércio volta a cair de novo", completou.
O gerente chamou atenção para o desempenho do segmento de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que em outubro caiu 0,3% depois de quedas de 1,3% em setembro e de 0,9% em agosto. O setor está, assim, 0,2% abaixo do patamar pré-pandemia. "Esse é um setor norteador do indicador geral, que é afetado por emprego, inflação e renda", disse Santos.
ATIVIDADES
Cinco das oito atividades acompanhadas registraram perdas, com Livros, jornais, revistas e papelaria (-1,1%) na lanterna.
Na comparação anual, todas as oito atividades pesquisadas recuaram, com destaque negativo para Móveis e eletrodomésticos, em que a atividade despencou 22,1%.
Considerando o varejo ampliado --que inclui veículos, motos, partes e peças e de material de construção--, o volume de vendas recuou 0,9% ante setembro e 7,1% frente a outubro de 2020. No ano, o varejo ampliado acumula alta de 6,3% e, em 12 meses, as vendas subiram 5,7%.
Varejo
Volume Receita Volume Receita
de
vendas (taxa nominal de vendas nominal
de variação %) (taxa de (taxa de (taxa de
variação %) variação %) variação %)
Outubro/Setembr -0,1 0,7 -0,9 0,1
o*
Média móvel -1,8 -0,5 -1,7 -0,4
trimestral*
Outubro -7,1 6,2 -7,1 7,1
2021/Outubro
2020
Acumulado 2021 2,6 15,2 6,3 19,9
Acumulado 12 2,6 14,2 5,7 18,3
meses
*Série com ajuste sazonal
(Edição de Luana Maria Benedito)
Escrito por: Reuters
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