Vendas no varejo da zona do euro caem mais do que o esperado e acendem alerta sobre desaceleração

Reuters

Publicado 03.08.2022 08:58

Atualizado 03.08.2022 10:20

BRUXELAS (Reuters) - As vendas de varejo da zona do euro caíram em junho e os preços nos portões das fábricas continuaram a subir, mostraram dados nesta quarta-feira, aumentando os temores de que o bloco de 19 países esteja caminhando para uma recessão.

A agência de estatísticas da União Europeia, Eurostat, disse que o volume de vendas de varejo nos 19 países que compartilham o euro, já ajustado pela inflação, caiu 1,2% em junho em relação ao mês anterior, com queda de 3,7% em relação ao ano anterior.

Economistas consultados pela Reuters esperavam estabilidade das vendas mensais e uma queda anual de apenas 1,7%.

Separadamente, a atividade empresarial da zona do euro, medida pelo Índice de Gerentes de Compras (PMI), contraiu em julho pela primeira vez desde o início do ano passado, com os consumidores controlando os gastos em meio a uma crise de custo de vida.

"O ímpeto para o crescimento no segundo semestre de 2022 parece estar enfraquecendo à medida que a inflação alta e ampla, as medidas de redução do consumo de energia e as condições financeiras mais apertadas pesam cada vez mais sobre a atividade", disse a Oxford Economics em nota.

"Os entrevistados veem quase 60% de chance de a zona do euro seguir os Estados Unidos em recessão técnica nos próximos 12 meses", disse a Oxford Economics, resumindo sua última pesquisa de percepção de risco entre as empresas. Uma recessão técnica é frequentemente definida como dois trimestres sucessivos de contração.

A queda nas vendas de varejo, um indicador da demanda do consumidor, ocorre ao mesmo tempo em que os preços ao produtor subiram 1,1% em junho em relação ao mês anterior, registrando um salto de 35,8% em relação ao ano anterior, disse a Eurostat.

Como os preços ao produtor são uma medida dos preços dos produtos vendidos quando saem do produtor antes do acréscimo de impostos, transporte e outros custos, esse aumento sinaliza mais pressão ascendente sobre a inflação ao consumidor.

Embora a economia da zona do euro tenha crescido mais do que o esperado no segundo trimestre, economistas disseram que a expansão pode ter sido um último respiro antes de uma provável recessão no segundo semestre do ano.