Vendas no varejo frustram expectativas e têm maior queda para julho em 4 anos

Reuters

Publicado 14.09.2022 09:46

Atualizado 14.09.2022 10:36

Por Isabel Versiani e Rodrigo Viga Gaier

BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) -As vendas no varejo brasileiro recuaram em julho, na terceira queda seguida do comércio sobre o mês anterior, contrariando expectativa de crescimento com retração em sete das oito atividades pesquisadas, mostraram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.

As vendas caíram 0,8% sobre junho, em dado com ajuste sazonal, maior declínio para o mês desde 2018 (-0,9%). Na comparação com julho do ano passado, o varejo encolheu 5,2%.

A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,30% na comparação mensal e de queda de 3,50% sobre um ano antes.

As quedas nas vendas na comparação com junho foram disseminadas, com destaque para tecidos, vestuários e calçados (-17,1%), móveis e eletrodomésticos (-3,0%) e livros, jornais e papelaria (-2,0%).

Apenas a atividade de combustíveis e lubrificantes (12,2%) mostrou crescimento, acompanhando a queda recente de preços nesse setor, que determinaram a deflação registrada em julho, refletindo a retração das cotações internacionais e a política de desoneração implementada pelo governo no ano eleitoral.

Apesar da deflação de julho, o IPCA ainda acumulava no período alta de 10,07% em 12 meses, comprimindo o poder de compra das famílias, que têm enfrentado níveis recordes de endividamento mesmo com medidas adotadas pelo governo, como a antecipação do 13º salário e a liberação de saques do FGTS.

Nos três meses até julho, as vendas no varejo acumularam queda de 2,7%. No ano, o volume de vendas tem alta de 0,4% e está atualmente apenas 0,5% acima do patamar pré-pandemia, em fevereiro de 2020.

O comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, teve queda de 0,7% no volume de vendas frente a junho e de 6,8% sobre julho do ano passado.

O desempenho do varejo em julho contrasta com o do serviços, que avançou 1,1% no mês, bem mais do que o esperado por analistas, impulsionado pela demanda das empresas.