VÍDEO: Inflação acima da meta de novo; regime é eficaz?

Investing.com

Publicado 11.01.2023 15:53

Atualizado 12.01.2023 11:35

Por Jessica Bahia Melo

Investing.com - O Banco Central brasileiro divulgou na última terça-feira (10) a carta aberta em que aponta os motivos para o descumprimento da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de 3,5% de 2022. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 5,79% no ano passado, ficando novamente acima da tolerância de 1,5 ponto percentual, como ocorreu em 2021 e 2022. Em 2019 e em 2020, o IPCA fechou também superior ao centro da meta, mas dentro do limite de tolerância.

Desde a criação do Regime de Metas de Inflação, em 1999, o Banco Central descumpriu a meta não somente nesses anos. No ano que vem, a estratégia completa 25 anos. Mesmo assim, os indicadores de inflação são distantes dos registrados em períodos hiperinflacionários. Na avaliação de economistas consultados pelo Investing.com, a utilização desse mecanismo é eficaz, mas requer a ponderação de seus efeitos em outros indicadores como crescimento econômico e desemprego.

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h2 Sobre o Regime de Metas de Inflação/h2

A sistemática de "metas para a inflação" foi instituída como diretriz para fixação do regime de política monetária por meio do Decreto 3.088, de 21 de junho de 1999. A legislação estabelece que o presidente do Banco Central do Brasil deve divulgar publicamente as razões em caso do descumprimento da meta, por meio de carta aberta ao Ministro da Fazenda, que deve conter a descrição detalhada das causas do ocorrido, providências para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo no qual se espera que as providências tenham efeito. O BC também atua na estabilização financeira.

Nesse mecanismo, a busca pelo controle inflacionário é o foco primordial da política, em dissonância como ocorre em outros países, como os Estados Unidos, que possui duplo mandato. No caso dos EUA, o Federal Reserve (Fed) conta também com uma meta de emprego.

Na avaliação do Banco Central, o regime tem sido exitoso no Brasil e no amplo conjunto de países que o adotam.  O sistema prevê que a inflação seja anunciada de forma pública, servindo como âncora para as expectativas dos agentes econômicos sobre a inflação futura.

O Banco Central trabalha para que a inflação anual, medida pelo IPCA, fique de acordo com a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)​. Além disso, o indicador serve como indexador dos títulos Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais.

O CMN define em junho do ano de referência a meta para a inflação de três anos-calendário seguintes, com horizontes mais longos visando diminuir as incertezas da economia.

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De acordo com o Banco Central, o regime de metas para a inflação prevê o conhecimento público e prévio da meta para a inflação, autonomia na adoção das medidas necessárias para o cumprimento da meta, comunicação transparente sobre as decisões da política monetária e mecanismos prestação de contas à toda a sociedade.

h2 ​Histórico da adoção no Brasil/h2

Desde o início da adoção do Regime de Metas, a inflação ficou acima do limite de tolerância em 2001, 2002, 2003, 2004, 2015, 2021 e 2022.

Em 2017, ficou abaixo do limite inferior.