Indígenas reivindicam que Funai fique na Justiça em carta entregue a governo de transição

Reuters

Publicado 06.12.2018 14:41

Atualizado 07.12.2018 19:36

Indígenas reivindicam que Funai fique na Justiça em carta entregue a governo de transição

BRASÍLIA (Reuters) - Cerca de 80 indígenas foram à sede do governo de transição, nesta quinta-feira, em protesto contra a indefinição sobre qual pasta ficará responsável pela Fundação Nacional do Índio (Funai), e reivindicaram a permanência no Ministério da Justiça.

Os indígenas foram ao local para entregar uma carta ao presidente eleito Jair Bolsonaro, na qual pedem que a Funai permaneça sob a Justiça, que será comandada pelo ex-juiz federal Sérgio Moro. Duas lideranças entraram no local para entregar o documento, mas não ficou claro se foram recebidos por algum membro da equipe de transição de governo.

"Que fique bem claro que hoje nenhum ministério no Brasil, desses ministérios que estão aí, a não ser o Ministério da Justiça, tem condições de lidar com assuntos fundiários e com o que está acontecendo no atual momento... que é o genocídio sobre povos indígenas", disse Kretã Kaingang, um dos representantes do movimento, que abarca mais de 40 etnias do país inteiro.

"Aqui no documento deixa bem clara a nossa posição da permanência da Funai dentro do Ministério da Justiça, porque ali nós teríamos condições de fazer o diálogo para garantir o direito constitucional", acrescentou.

A ida dos indígenas ao Centro Cultural Banco do Brasil (SA:BBAS3) (CCBB), onde fica a equipe de transição, ocorre em meio à indefinição sobre o destino da Funai.

Na quarta-feira, o presidente eleito disse que a Funai irá "para algum lugar", mas indicou que o órgão não ficaria no Ministério da Justiça.

A futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou nesta quinta-feira que considera difícil a fundação ser deslocada para a pasta que vai comandar, enquanto futuro ministro da Cidadania, Osmar Terra, disse que está sendo avaliada a possibilidade de a Funai ir para a sua pasta ou para o Ministério de Direitos Humanos.

Durante a campanha e após sua eleição, Bolsonaro se posicionou contrário à demarcação de terras indígenas e disse que tal medida "enjaula" povos nativos.