Número de empresas abertas pode crescer 80% em dez anos com juros baixos

Arena do Pavini  |  Autor 

Publicado 20.06.2018 23:45

Atualizado 21.06.2018 06:45

Número de empresas abertas pode crescer 80% em dez anos com juros baixos, mostra estudo

Arena do Pavini - A manutenção da taxa de juros em níveis baixos permitiria um crescimento do mercado de capitais e um aumento de 80% no número de empresas abertas nos próximos em 10 anos, com 317 novas companhias, conforme levantamento do Centro de Estudo do Mercado de Capitais da Fipe. O estudo, feito pelos professores Carlos Rocca e Lauro Modesto, leva em conta, além dos juros, a participação do BNDES no financiamento das empresas. O estudo foi publicado no Anuário Estatístico da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca).

O estudo levou em conta o cenário da economia em 2017, com crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), a redução dos juros e a queda da parcela de financiamentos do BNDES. Segundo Rocca, um dos principais fatores que inibem o mercado de capitais é a taxa de juros. O maior número de ofertas, observa o economista, ocorreu em 2007, quando o juro real chegou perto de 8% ao ano. Ela interfere no custo de capital próprio que é a rentabilidade que investidor quer para comprar uma ação. “Há uma correlação negativa altíssima dos juros com o numero de IPO (ofertas públicas iniciais, na sigla em inglês) e também na emissão de dívida via emissão de debêntures e outros papéis no mercado de capitais”, explica Rocca. Em 2017, a queda dos juros básicos reduziu o custo de capital de 15% ao ano para 10%. Ao mesmo tempo, o desembolso do BNDES para as empresas caiu, de R$ 180 bilhões por ano em 2014 para R$ 70 bilhões em 2018. E as ofertas reagiram. E emissões primarias reagiram. “No ano passado, houve saída de fundos DI para fundos de ações e multicarteiras, o que mostra que para aumentar o numero de investidores em ações, a condição fundamental é que taxa de juros seja baixa”, explica. Também as ofertas de dívida cresceram lembra Rocca, acompanhando a busca por maior rentabilidade.

Rocca lembra que a partir de 2010 houve uma oferta muito grande de recursos subsidiados do BNDES. E dois terços dos valores do banco oficial foram emprestados para empresas grandes, que poderiam ir ao mercado de capitais. “Entre um custo de 14% ao ano no mercado de capitais e 5% no BNDES subsidiados, as empresas foram para o BNDES e isso murchou a oferta de papel no mercado de capitais e o interesse dos investidores”, diz.

Agora o cenário mudou e os juros reais caíram, de 9,14% ao ano em 2015 para 2,23% em abril de 2018, usando como referência as taxas de contratos de swap prefixados de um ano e a projeção do mercado para o IPCA. E o custo de capital próprio recuou de 14,67% para 10,26% ao ano. “Podemos ser mais otimistas com o mercado de capitais, pois o investidor está mais disposto a comprar acoes e divida de empresas e as companhias estão mais dispostas a captar”, afirma.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Rocca estima que a dívida total das empresas, ou seja, o exigível, esteja hoje em torno de 33% do PIB. E, estimando um crescimento de 2,7% para a economia ao ano nos próximos 10 anos, essa dívida aumentaria para 53,6% do PIB. “A questão é qual a parcela que será financiada pelo mercado de capitais”, afirma. Considerando o mesmo padrão de financiamento do BNDES de 2007 e os níveis atuais de crédito livre e direcionado dos bancos, a parcela do mercado de capitais sairia de 15% da dívida das empresas para 28,8% do exigivel total. Com isso, o valor financiado pelas empresas no mercado de capitais passaria de 8,90% do PIB em 2017 para 16,20% em 2027, enquanto o crédito do BNDES subiria de 7,40% para 12,30% do PIB. “É importante que em nenhum momento do estudo deixamos de considerar o BNDES, pois acreditamos que ele tem um papel fundamental para complementar o financiamento privado, atuando em projetos em que o retorno social é maior que o financeiro, como saneamento, ou tem um prazo de retorno muito longo, como infraestrutura”, acrescenta Rocca.

Usando o numero de crescimento do PIB e um custo de capital caindo de 10,7% este ano para 9% em 2027, Rocca estima que 317 novas empresas abririam seu capital, um aumento de 80% a 90% no número de empresas no mercado. “E o numero de empresas é pequeno em comparação a outros países”, acrescenta.

Esse cenário, faz questão de destacar, depende de o país continuar com seu ajuste fiscal. “O que aconteceu recentemente, a greve dos caminhoneiros, a incerteza política e a turbulência externa, bagunçaram um pouco o cenário, e os juros dos títulos públicos longos voltaram a subir”, diz. Segundo Rocca, 72% de todos recursos captados pelos bancos vão para títulos públicos, o que também limita o potencial de captação das empresas.

Já o presidente do Conselho da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) Alfried Plöger, destaca que mesmo com o crescimento de 1% do PIB no ano passado as empresas abertas já melhoraram seus resultados. As receitas de 271 companhias cresceram 33%, de R$ 1,7 trilhão para R$ 2,2 trilhões. O lucro liquido foi de R$ 65 bilhões 38,5% maior. Já os investimentos caíram 20%, para R$ 394 bilhões. Para ele, o aumento das empresas abertas não depende só dos juros, mas também da simplificação das regras para as companhias abertas. Rocca lembra também que a renda fixa é a porta de entrada das empresas no mercado de capitais, pois ela não exige compartilhar o controle das companhias. “Depois que a empresa se adapta para emitir títulos de renda fixa no mercado de capitais, com estruturas de governança e transparência, fica mais fácil ela abrir o capital e emitir ações”, lembra.

Por Arena do Pavini

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações