Quão perto está a Argentina de um calote?

Money Times  |  Autor 

Publicado 04.09.2018 16:16

Quão perto está a Argentina de um calote?

Money Times - A Argentina negocia, neste momento, um novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para tentar fechar as contas. O presidente, Mauricio Macri, e a sua equipe econômica liderada pelo ministro da Economia, Nicolás Dujovne, está novamente em Washington reunida com a diretora-geral, Christine Lagarde, para um adiantamento dos recursos estabelecidos em um pacto anterior assinado em junho.

O recente colapso do peso argentino levantou preocupações sobre um calote soberano. Os investidores temem que a incapacidade de garantir financiamento adicional do FMI ou derrapagens fiscais antes de grandes pagamentos de dívidas com vencimento em novembro tornaria a inadimplência uma possibilidade muito real.

Após a aprovação de um empréstimo de US$50 bilhões, o maior da história do FMI, a Argentina talvez precise de mais, lembra a Guide Investimentos em um relatório desta terça-feira (4).

“Uma parcela de US$15bi já foi desembolsada, porém com a intensificação do movimento de depreciação do peso, as necessidades de financiamento do país só aumentam, uma vez que 70% do estoque de dívida Argentina (privado + público) são em dólar, logo um adiamento do FMI se faz necessário no momento. Mas por enquanto o FMI não se pronunciou sobre o adiantamento e muito menos a respeito de um aumento do pacote”, explica a corretora.

A queda do peso elevou o valor em moeda local das dívidas denominadas em moeda do governo, que agora são equivalentes a 65% do PIB, acima dos 45% do PIB do ano passado. A estimativa da Capital Economics é de que a dívida total do governo aumentará de 57% do PIB no ano passado para 80% do PIB este ano.

O FMI parece ser, portanto, o único parceiro possível para acompanhar a Argentina neste Tango. Para Edward Glossop, economista para América Latina da Capital Economics, há três possíveis caminhos para que os vizinhos aprofundem a sua crise até um calote. A primeira é se o grupo em Washington não consiga mais financiamento do FMI nos próximos dias.

O segundo é um desvio fiscal significativo. E, o terceiro, é um choque político adverso, desencadeado, por exemplo, por protestos ou pela crise econômica. “Qualquer um desses fatores levaria a uma nova queda no peso e ao aumento nos rendimentos dos títulos. Isso, por sua vez, tornaria cada vez mais difícil para o governo atender grandes dívidas de câmbio, especialmente em novembro e no segundo trimestre do próximo ano”, destaca Glossop.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

O peso já perdeu metade do seu valor desde abril (em relação ao dólar).

“Achamos que a Macri não correria o risco de anunciar a antecipação dos desembolsos se não tivesse certeza de que se materializariam. Portanto, acreditamos que o conselho do FMI concordará em acelerar os pagamentos do empréstimo. Estimamos que, no pior cenário, a Argentina tenha garantido suas necessidades de financiamento na maior parte de 2019”, explica a economista da Roubini Global Economics Priscila Robledo.

Ela avalia que considerando o perfil de vencimento de curto prazo dos ativos da Argentina, isso pode tranquilizar a maioria dos investidores. “O problema é que a comunicação das autoridades tem sido tão fraca que o mercado já perdeu a confiança”, destaca.

Pacote

A Argentina anunciou ontem (3) que vai cortar pela metade o número de ministérios e criar um imposto sobre as exportações. O intuito das medidas é reduzir a zero o déficit fiscal do país em 2019. Com as novas medidas, os exportadores de produtos primários (entre eles, grãos e minérios) vão pagar ao governo quatro pesos para cada dólar. Os exportadores dos demais produtos pagarão uma taxa menor, de três pesos para cada dólar obtido.

“O anúncio tem aspectos positivos e negativos, mas achamos que no geral o programa é positivo. Do lado positivo, a convergência mais rápida em direção a um orçamento equilibrado fortalecerá a posição fiscal do governo e reduzirá as vulnerabilidades. De certa forma, o governo reconheceu que o mercado não está disposto a continuar financiando altos déficits fiscais, de modo que o foco está na redução do déficit, a fim de diminuir a dependência do financiamento do mercado”, analisa Daniel Chodos, estrategista do Credit Suisse.

Ele explica que essa política fiscal mais rígida, juntamente com a possível aceleração dos desembolsos do FMI (e até mesmo financiamento potencialmente adicional), deve eliminar todas as dúvidas sobre o programa de financiamento para 2019 e, possivelmente, para 2020. Do lado negativo, pontua o Credit Suisse, uma grande parte da poupança virá do aumento temporário dos impostos para os exportadores, que, como Macri reconheceu, são “muito ruins”, mas que devem tornar o programa mais viável do ponto de vista político e social.

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações