Câmara dos EUA condena ataques de Trump contra deputadas que pertencem a minorias

Reuters

Publicado 16.07.2019 20:28

Por Richard Cowan e Susan Cornwell

WASHINGTON (Reuters) - A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos votou nesta terça-feira para condenar o presidente dos EUA, Donald Trump, por atacar racialmente quatro deputadas democratas pertencentes a minorias, em uma votação simbólica que visa constranger o presidente e seus colegas republicanos que ficaram com ele nesta questão.

Quatro republicanos se juntaram a todos os democratas na Câmara e um deputado independente para repreender o presidente pela série de tuítes que publicou no domingo, nos quais ele disse a um grupo de deputadas para "irem para casa e ajudarem a consertar os lugares completamente quebrados e infestados de crime de onde vieram".

Mais cedo, Trump pressionou seus correligionário do Partido Republicano na Câmara dos Deputados a ficarem a seu lado e votarem contra a condenação. 

A aprovação da condenação era esperada, já que os democratas têm a maioria na Câmara. Mas eram os parlamentares republicanos que estavam sob os holofotes conforme tinham de escolher entre votar contra o líder de seu partido, que tem um forte apoio dos mais conservadores, ou defendê-lo das acusações. 

A indignação diante do ataque de Trump no Twitter roubou a atenção de todos os demais assuntos em Washington. 

As quatro deputadas são cidadãs dos Estados Unidos e três delas nasceram no país. 

"Esses comentários da Casa Branca são uma desgraça, nojentos, e são comentários racistas", disse a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, em sessão na Casa Legislativa. 

Republicanos protestaram contra os comentários de Pelosi dizendo que ela quebrou as regras de debate da Câmara, o que levou a demoradas discussões entre os parlamentares. 

Poucos deputados republicanos se pronunciaram contra as publicações de Trump sobre as deputadas --Alexandria Ocasio-Cortez, Ilhan Omar, Ayanna Pressley, e Rashida Tlaib-- e suas críticas foram abafadas. 

A liderança republicana na Câmara recomendou que seus membros votassem contra a resolução, que diz que a Câmara "fortemente condena os comentários racistas do presidente Donald Trump que legitimaram e aumentaram o medo e o ódio contra novos americanos e 'pessoas de cor'". 

"É tudo política", disse o líder republicano na Câmara, Kevin McCarthy, a jornalistas. Trump depois republicou os comentários de McCarthy e agradeceu a ele. 

Trump tem um histórico do que críticos apontam como a promoção de polêmicas ligadas a questões raciais.

O republicano liderou um movimento que afirmava falsamente que o ex-presidente Barack Obama não era nascido nos Estados Unidos e afirmou após um comício liderado por supremacistas brancos em Charlottesville, na Virgínia, que havia "pessoas boas de ambos os lados" do incidente, que teve uma morte e dezenas de feridos. 

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Na terça-feira, o líder republicano do Senado, Mitch McConnell, disse a jornalistas que achava que "todos deveriam atenuar seus discursos" para se focar em temas, mas não chegou a condenar os comentários de Trump. 

"O presidente não é um racista e eu acho que o tom de tudo isso não é bom para o país, mas está vindo de todos os diferentes pontos de vista ideológicos", disse McConnell.