AI-5 é inconcebível, mas se alguém pedi-lo não se assustem, diz Guedes

Reuters

Publicado 26.11.2019 09:01

WASHINGTON (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou em Washington na segunda-feira que é inconcebível a ideia de um novo AI-5 no Brasil, mas ao mesmo tempo disse que as pessoas não devem se assustar com a ideia de alguém pedi-lo diante da radicalização de possíveis protestos.

"Sejam responsáveis, pratiquem a democracia. Ou democracia é só quando o seu lado ganha? Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo mundo para quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem se alguém então pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?", disse ele a jornalistas.

"Levando o povo para a rua para quebrar tudo. Isso é estúpido, é burro, não está à altura da nossa tradição democrática", completou.

No final de outubro, Eduardo Bolsonaro, sugeriu em entrevista que o governo comandado pelo seu pai, Jair Bolsonaro, poderia lançar mão do mais duro instrumento legal de repressão da ditadura militar brasileira, o AI-5, caso a esquerda radicalize em sua atuação no país.

Após deixar a prisão, em 8 de novembro, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a dizer que o candidato do PT à Presidência em 2018, Fernando Haddad, teve a eleição "roubada". Mas disse também que Bolsonaro foi eleito democraticamente e tem um mandato de quatro anos.

Mais recentemente, na abertura do 7º Congresso Nacional do PT, o ex-presidente afirmou que o pior inimigo do Brasil é a desigualdade, defendeu que a polarização política não significa extremismo e o papel do partido no cenário atual.

Questionado sobre convulsões políticas na América Latina e sobre declarações de Lula, Guedes repetiu que não lhe cabe discutir política, e nem fazer comentários sobre o petista. "Para que vamos prestigiar vozes de discórdia?"

Mas ao ser novamente questionado sobre o AI-5, Guedes se irritou e bradou: "É inconcebível, a democracia brasileira jamais admitiria, mesmo que a esquerda pegue as armas e quebre a força o Palácio do Planalto, é inconcebível."

"Assim que ele (Lula) chamou para confusão veio logo o outro lado e falou o seguinte, é 'sai para a rua', vamos botar um excludente de ilicitude, vamos botar o AI-5, vamos fazer isso, vamos fazer aquilo. Que coisa boa, né? Que clima bom", completou.