BCA Research eleva aposta no Brasil em meio a onda de avaliação de pragmatismo de Lula

Reuters

Publicado 10.02.2022 16:36

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - Relatório de uma consultoria canadense questionando se Luiz Inácio Lula da Silva pode vir a ser o "salvador" da encrencada economia brasileira evidenciou um debate que tem ganhado corpo no mercado, tanto em público quanto reservadamente, sobre os efeitos para o país de um eventual retorno ao poder do ex-presidente em um momento em que o Brasil tem atraído mais capital de fora.

A BCA Research elevou na terça-feira a recomendação para ações e títulos brasileiros de abaixo da média para acima da média (overweight) em relação aos seus pares de mercados emergentes, dizendo que os investimentos tendem a se valorizar com a chance crescente de Lula vencer as eleições deste ano. A avaliação é de que o ex-presidente promoverá uma política econômica pragmática, ainda que mais frouxa no front fiscal.

"As atuais propostas de Lula e sua agenda após a eleição serão moderadas, dando um impulso positivo aos mercados financeiros", escreveram analistas da BCA liderados pelo estrategista-chefe de mercados emergentes, Arthur Budaghyan, em relatório intitulado "Lula é o Salvador do Brasil?".

Dados mostram um salto do fluxo de capital estrangeiro para os mercados financeiros do país, para 9,5 bilhões de dólares no acumulado do ano até a semana passada, após fecharem 2021 com saída de 3,7 bilhões de dólares, fenômeno que contribuiu para a valorização do real e a alta do Ibovespa.

Parte desse movimento reflete a crença entre investidores globais de que Lula, que tem liderança de dois dígitos sobre o presidente de direita Jair Bolsonaro em pesquisas de opinião recentes, adotará uma política econômica pragmática, segundo apontaram Rogério Xavier, da SPX Capital, e Luis Stuhlberger, da Verde Asset, em evento na semana passada.

Enquanto muitos investidores domésticos lamentam o possível fim da agenda de reformas que Bolsonaro prometeu ao assumir o cargo, os investidores estrangeiros se consolam com as lembranças das políticas econômicas ortodoxas que Lula adotou no início de sua presidência de 2003-2010.

"Candidato líder nas pesquisas tem imagem internacional positiva. Ele não é uma incógnita, é um candidato que foi experimentado", afirmou o economista Gabriel Galípolo, sócio-diretor da Galípolo Consultoria e ex-CEO do Banco Fator.