BCE pede a alguns bancos que monitorem redes sociais por sinais precoces de corridas a bancos, dizem fontes

Reuters

Publicado 24.01.2024 15:50

Por Stefania Spezzati

LONDRES (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) solicitou a alguns bancos que monitorem de perto a atividade nas redes sociais para detectar uma eventual piora na confiança que poderia levar a uma corrida aos bancos para saques, disseram à Reuters dois executivos do setor bancário com conhecimento do pedido.

Os reguladores europeus têm intensificado o monitoramento sobre a liquidez dos bancos após o colapso do Silicon Valley Bank e do Credit Suisse (SIX:CSGN) em março do ano passado, disseram as fontes, solicitando anonimato porque as discussões são privadas.

Os bancos podem ter problemas financeiros se os clientes se apressarem para sacar depósitos ao mesmo tempo. Em outubro de 2022, uma publicação na rede social de um jornalista dizendo que um "grande banco de investimento internacional está à beira do abismo" fez com que o Credit Suisse fosse alvo desse movimento, com os clientes retirando mais de 100 bilhões de francos suíços (116 bilhões de dólares) até o final do quarto trimestre daquele ano.

A velocidade com que os clientes retiraram os depósitos desencadeou um debate global sobre se, de acordo com a regulamentação atual, as instituições podem suportar choques repentinos de liquidez e se novas regras podem ser necessárias.

Em março, a Autoridade Bancária Europeia, uma agência independente que realiza trabalhos no setor bancário e financeiro da região, solicitou aos órgãos reguladores relevantes que avaliassem os riscos, incluindo as mídias sociais, que poderiam "contribuir para a deterioração da percepção pública e da reputação da instituição".

Em resposta às solicitações do BCE, que eram específicas para determinados bancos da região, uma grande instituição financeira europeia providenciou uma equipe para sinalizar volumes significativos de publicações negativas para o tesouro do banco, que, por sua vez, avaliará qualquer impacto sobre os depósitos, disse um dos dois executivos.

Embora a detecção precoce possa não impedir uma corrida aos bancos, os órgãos reguladores e os bancos estão ansiosos para não serem pegos de surpresa, segundo fontes familiarizadas com o pensamento dos órgãos reguladores.