Bolsonaro fala em correção da tabela do IR em percentual elevado, mas equipe econômica vê restrições

Reuters

Publicado 18.04.2022 15:47

Por Bernardo Caram e Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - A equipe econômica pretende anunciar uma correção da tabela do Imposto de Renda (IR) da pessoa física em “percentual bastante elevado”, disse o presidente Jair Bolsonaro em entrevista à CNN Brasil, mas o Ministério da Economia vê dificuldades em implementar a medida, segundo duas fontes da pasta.

"Estamos perseguindo desde o começo a questão do Imposto de Renda, a tabela que não é reajustada, e ele (Paulo Guedes) pretende anunciar para o ano que vem um percentual bastante elevado de desconto do IR, passa de 2 mil para perto de 3 mil o desconto”, disse o presidente em entrevista concedida no sábado, não deixando claro se esse desconto seria a nova faixa de isenção.

Apesar da declaração de Bolsonaro, duas fontes do Ministério da Economia afirmaram que ainda não há definição sobre eventual correção da tabela do IR e que a iniciativa apenas será implementada se o governo encontrar margem nas contas.

Segundo uma das autoridades envolvidas na avaliação, que falou à Reuters em condição de reserva, a correção será feita “dependendo do ritmo de aumento da arrecadação” e de maneira a “obedecer às metas fiscais”.

“Tem que acompanhar o ritmo de aumento da arrecadação e fazer tudo muito moderadamente”, disse a fonte.

Em 2021, o governo propôs a correção da tabela dentro do projeto de reforma do IR, que acabou travado no Congresso e não saiu do papel.

Quando apresentou a proposta, que corrigiria as faixas de tributação e ampliaria o limite de isenção do imposto de R$1,9 mil ao mês para R$2,5 mil ao mês, o Ministério da Economia estimou que a medida teria um custo de ao menos 22 bilhões de reais ao ano.