Brasil emite US$2,25 bi no mercado externo em bônus de 10 anos, diz Tesouro

Reuters

Publicado 05.04.2023 18:51

Por Marcela Ayres e Luana Maria Benedito e Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil emitiu 2,25 bilhões de dólares no mercado externo nesta quarta-feira em bônus de 10 anos com vencimento em 2033, informou o Tesouro Nacional em nota, ressaltando que o "bom momento do mercado" criou uma janela para a operação, que acontece poucos dias depois do anúncio do novo arcabouço fiscal do governo.

O rendimento do título, denominado Global 23, ficou em 6,15%. A demanda pelo primeiro bônus ofertado pelo país no mercado externo em quase dois anos chegou a 8,5 bilhões de dólares, segundo o Tesouro.

A forte procura pelo título, segundo o Tesouro, ajudou a reduzir o custo da emissão, que começou com a indicação de um rendimento de 6,50% a 6,625%.

Os detalhes da emissão foram antecipados pela Reuters mais cedo, com base em informação de fonte familiarizada com a emissão. Segundo a fonte, a demanda teve um pico de 8,5 bilhões de dólares no início da operação, mas terminou em 7,7 bilhões de dólares, ainda expressiva.

"Tesouro vinha monitorando o mercado, buscando uma janela de oportunidade para realizar a emissão. Bom momento do mercado permitiu que fosse realizada na data de hoje", disse o Tesouro na nota, acrescentando que a operação demonstra o "grande apetite do investidor estrangeiro por ativos brasileiros".

Segundo o Tesouro, na operação foi observada a presença de investidores que tipicamente investem em ativos "Investment Grade", selo de bom pagador concedido pelas agências de classificação de risco que o Brasil perdeu em 2015.

O anúncio da emissão foi feito em meio a uma melhora nos juros futuros após a divulgação da proposta de arcabouço fiscal pelo governo na semana passada. As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) com vencimento em janeiro de 2029, por exemplo, caíram de 12,72% ao ano no dia anterior ao anúncio da proposta para 12,40% na terça-feira. A sessão desta quarta foi de novo recuo nas taxas dos contratos futuros de juros.

Na avaliação do economista e CFO da Somus Capital, Luciano Feres, o fato de o governo ter feito uma "transição boa", associada a uma imagem positiva do Banco Central brasileiro, gera prestígio para a emissão. O ambiente externo também contribui.

"Dado o bom cenário lá fora, com desvalorização do dólar e a China fechando acordos com vários países, e o Brasil saindo da turbulência da irresponsabilidade fiscal, esse momento (de anúncio da emissão) foi propício", acrescentou, antes do anúncio do resultado da operação.