Câmara aprova texto-base de MP que trata da venda direta de etanol

Reuters

Publicado 25.11.2021 17:12

Atualizado 25.11.2021 18:20

BRASÍLIA (Reuters) -A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira a medida provisória que trata da venda direta do etanol, com a intenção de eliminar a interferência compulsória dos distribuidores de combustíveis na comercialização do produto e aumentar a concorrência na revenda.

A MP segue, agora, para análise do Senado. A medida precisa ter sua tramitação concluída no Congresso até o dia 9 de dezembro ou perde a validade.

Segundo o relator, deputado Augusto Coutinho (Solidariedade-PE), a proposta "propiciará maior eficiência logística" na comercialização do etanol, com benefícios para o consumidor final em termos de redução de preços.

O texto aprovado adequa ainda a legislação que trata da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), na intenção de evitar perda de arrecadação e equalizar a incidência tributária entre o etanol nacional e o importado.

Em grandes polos consumidores, a medida não deve atingir o objetivo pretendido pelo governo de redução dos preços dos combustíveis, de acordo com especialistas ouvidos pela Reuters. Além disso, a negociação sem intermediários com os postos também aumenta riscos de sonegação de tributos, pois tira do jogo importante elo arrecadador de taxas --a distribuição--, em um mercado no qual o etanol já é responsável por grande parte do montante sonegado no Brasil, estimado em 24 bilhões de reais por ano.

A proposta previa que o posto revendedor de combustíveis poderia comercializar combustíveis adquiridos de outros fornecedores, mesmo que optasse por exibir marca comercial de distribuidor, mas o dispositivo foi retirado do texto durante a votação dos destaques.

Também fica eliminada a vedação de o Transportador Revendedor-Retalhista (TRR) --agente econômico que adquire óleo diesel a granel, óleo lubrificante acabado e graxa para venda e entrega no domicílio do cliente--, comercializar etanol hidratado.

O texto também reduz o prazo para regulamentação da flexibilização da tutela regulatória da fidelidade à bandeira na comercialização de combustíveis.