Celso de Mello autoriza acesso a vídeo de reunião ministerial de Bolsonaro

Reuters

Publicado 22.05.2020 17:11

Atualizado 22.05.2020 17:40

Por Pedro Fonseca e Ricardo Brito

RIO DE JANEIRO/BRASÍLIA (Reuters) - O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta sexta-feira permitir a divulgação do vídeo da reunião ministerial, com exclusão de apenas dois trechos, ocorrida no dia 22 de abril em que, segundo o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro teria tentado interferir no comando da Polícia Federal.

Em sua decisão, Celso de Mello determinou a exclusão de trechos específicos em que há referência a dois países com os quais o Brasil mantém relação diplomática, informou o STF em nota.

"O decano autorizou, ainda, o acesso à íntegra da degravação do vídeo. A única restrição imposta foi a trechos específicos em que há referência a dois países com os quais o Brasil mantém relação diplomática", disse o STF na nota. "Com a decisão, qualquer cidadão poderá ter acesso ao conteúdo do encontro de ministros com o presidente Jair Bolsonaro", acrescentou.

A defesa de Moro aponta o vídeo como uma das principais provas do inquérito conduzido pelo ministro do Supremo para tentar confirmar as acusações do ex-ministro de que Bolsonaro buscava mudar o comando da PF, pois estaria preocupado com investigações tocadas pela corporação. Dois dias depois da reunião, Moro e o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, deixaram seus cargos.

Segundo depoimento prestado por Moro, o presidente teria dito na reunião que iria interferir em todos os ministérios e, quanto à pasta da Justiça e Segurança Pública, se não pudesse trocar o superintendente da PF no Rio, trocaria o diretor-geral da corporação e o próprio ministro da Justiça. Esse episódio ocorreu dois dias antes de Moro pedir demissão do cargo.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, opinou pela divulgação restrita do vídeo e disse não compactuar com o uso de investigações como “palanque eleitoral precoce” de 2022.

Após tentar evitar a entrega da gravação, a Advocacia-Geral da União apresentou uma primeira vez a transcrição dos dois trechos que, segundo alegou, teriam relação com as declarações feitas por Moro. Em linha com a estratégia de defesa do presidente, destacou que a preocupação dele seria com a sua segurança e de seus familiares, ao contrário do que alega o ex-ministro. A segurança pessoal do presidente é feita pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandado pelo ministro Augusto Heleno, um dos mais próximos a Bolsonaro.

"Eu não posso ser surpreendido, ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho a inteligência das Forças Armadas que não me dá informações, a Abin tem os seus problemas, tem algumas informações, só não tem mais porque tá faltando realmente... temos problemas... aparelhamento, etc. A gente não pode viver sem informação", disse o presidente.

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