Congresso trabalhará por vacinas mesmo que não seja possível atuar com governo, diz Maia

Reuters

Publicado 07.12.2020 11:16

Atualizado 07.12.2020 13:10

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - A Câmara dos Deputados e o Senado irão trabalhar em um texto para garantir a compra e distribuição de vacinas contra a Covid-19 para toda a população, mesmo que não seja possível trabalhar com o governo federal, disse nesta segunda-feira o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Maia disse que conversou no domingo com o deputado Professor Luizinho (PT-SP), que coordena o grupo da Câmara responsável por propostas para combate à pandemia, e com o deputado Geninho Zuliani, relator da Medida Provisória sobre acesso a vacinas, e pediu que ambos se reunam essa semana com o Ministério da Saúde para trabalharem em um texto conjunto sobre a distribuição de vacinas no país.

"Precisamos ir ao governo essa semana encontrar um caminho para que a Câmara não tome uma decisão, junto com o Senado, isolada da decisão do governo. Mas nós vamos tomar uma decisão, o STF vai no dia 16 tomar uma decisão, e eu disse ao presidente (Jair Bolsonaro) que seria importante que pudéssemos tomar uma decisão em conjunto", disse Maia em entrevista à GloboNews.

"A sociedade não quer saber qual é a vacina, quer saber que uma vacina confiável, aprovada pela Anvisa, precisa ser sim comprada pelo governo e distribuída à sociedade."

O presidente da Câmara disse ainda que o risco de haver falta de vacinas no país ou o atraso na distribuição é hoje o tema mais perigoso para o governo federal, e o presidente "não está vendo".

"Esse tema talvez seja o mais perigoso para o presidente e ele não está vendo. Pode ser o tema que desorganize muito a base do governo, mais até que a votação de reformas", disse Maia.

Bolsonaro tem criticado a vacina Coronavac, da empresa chinesa Sinovac e que será produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, e fez com que o Ministério da Saúde cancelasse um acordo para compra nacional de doses do medicamento que seria distribuída dentro do Programa Nacional de Imunizações.

O Butantan é ligado ao governo estadual de São Paulo, comandado pelo governador João Doria (PSDB), desafeto político de Bolsonaro.